terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Maçons, alertai-vos dos vícios na Torre de Babel.


 

É lembrado aos obreiros maçons, em certos estudos, que a perfeição da torre de Babel era impossível, devido os homens usarem como “cimento” para a sua construção, a presunção, a vaidade e a arrogância. Urge explanar sobre estes vícios que foram a causa da bancarrota da torre de Babel e que ainda inflamam a alma dos homens muito afeitos ao mundo material, em detrimento ao mundo quintessenciado.

De acordo com o Gênesis,1:28, os homens foram orientados a encher a terra, conquistá-la em ordem e com bênçãos. A história dos seres humanos da geração de Adão a Noé deveria representar a história do trabalho civilizadona conquista da terra e das suas forças naturais constituindo, assim, um desenvolvimento tecnológico. No entanto, os filhos de Cain construíram cidades e mais tarde viraram artesãos de cobre e ferro e passaram a matar por nada (Genesis 4:23). A terra foi corrompida e invadida por violências até o fim.

A segunda geração dos filhos de Noé criou tecnologia, substituindo, nas construções, as pedras por tijolos e com isto surgiram o orgulho e o sentimento de grandeza. Em vez de construírem casas para residências e cercas para proteção do rebanho, a tecnologia se transformou em um objetivo de orgulho pessoal. A partir daí passaram a construir obras gigantescas que os tornassem semelhantes aos deuses e deixassem seus nomes registrados na face da terra para sempre.

A história da torre de Babel acontece na cidade de Babel que era a capital política e religiosa de um país de mesmo nome. A palavra BABEL vem do acadiano Bab-ILu que significa porta de Iahvéh e, em hebraico, tem relação com o verbo balal-, que significa misturar e, no caso, confundir pela mistura das línguas.

Os babilônicos se orgulharam em construir torres altas que significavam o caminho da terra para os céus, onde estavam seus deuses. Estas torres representavam o orgulho religioso daquele povo. Os homens, querendo imitar os deuses, construíram a torre para se juntarem. Isto é contrário ao que Iahvéh havia determinado: frutificai, multiplicai-vos e enchei a terra. Genese.9:1. 

Pesquisadores acreditam que a história de Babel teve o objetivo de ironizar a cidade de Babel e seu templo de nome “É-SAG-ILA, cujo significado é: A casa que tem seu topo alto e foi construído pelos deuses. Este templo foi construído  1.800 anos antes de Cristo, e destruído pelos HITIM 200 anos depois, permanecendo assim, por gerações.

Comecemos então a classificar os vícios que imperavam na construção da Torre de Babel, iniciando pela PRESUNÇÃO.

Segundo o dicionário Houaiss, presunção é o julgamento baseado em indícios, aparências, que se tem por verdadeira. É também, “opinião demasiado boa e lisonjeira sobre si mesmo.” “Demonstração pública dessa opinião; imodéstia, pretensão, vaidade.” “Confiança excessiva em si mesmo”.

Uma virtude muito esquecida e até mesmo desprezada é a humildade. Infelizmente vivemos numa sociedade que se diz cristã, mas que na realidade é materialista. Isso faz com que as pessoas vivam numa competição constante, umas querendo se destacar mais do que as outras.

Ao contrário do pensamento comum, ser humilde não significa ser submisso e subserviente. Ser humilde é ser natural, é reconhecer que ninguém é dono da verdade, que ninguém é superior a ninguém.

A presunção é grande inimiga da humildade. Mas a presunção é muito pior para o presunçoso do que para as pessoas que com ele convivem, pois ele vive enganando-se a si próprio e perde importantes oportunidades de crescer ao julgar que nada tem a aprender. É tão sutil quão traiçoeira, pois é miasma de fácil assimilação, que produz danos graves nos tecidos delicados da alma.

O maçom que empreende a tarefa do aprimoramento não deve poupar esforços contra inimigo vigoroso e disfarçado qual esse. O presunçoso apresenta-se como ufania exacerbada e apropria-se dos requisitos morais daquele que se lhe faz vítima, conquistando láureas à própria incúria. Este vício é alma gêmea do orgulho, é filho especial do egoísmo, inimigo sórdido de toda construção moral do homem, comprazendo-se em desequilibrar e malsinar.

Discreto, enreda mentes invigilantes, e, soez, máquina estranhos raciocínios que distraem os seus cultores.Imantado à própria natureza animal do homem, investe contra a natureza espiritual sob disfarces inesperados. Esse revel, atro e torvo inimigo do maçom, é a PRESUNÇÃO.

É imperioso que o maçom faça uma honesta fiscalização íntima à luz do livro da Lei e descobri-la-á.

Na tarefa de muitos, se nos isolamos; no agrupamento fraterno, se supomos desconsiderado; na atividade encetada, se reclamamos falta de auxílio; na comunidade, se nos temos na conta de humilhado; na realização do bem, se suspeitamos de deslealdades sistematicamente; e se nos afirmamos desamado... Provavelmente a presunção está corroendo-nos por dentro.

Examinemos o nosso Mestre Divino, Jesus e tome-O como modelo, situando-nos no devido lugar, e se prosseguimos acreditando que necessitamos lapidar a pedra bruta da incessante faina do bem, com otimismo e perseverança, estaremos combatendo esse verdugo ominoso que tanto poderemos chamar presunção como orgulho, melindre ou suscetibilidade, mas que em resumo é, sem dúvida, um dos piores inimigos de nossa evolução.

Assim diz no livro da Lei: "Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus". (Mateus: capítulo 5º, versículo 3).

Procuremos, agora, ilustrar, entre os defeitos que mais comumente manifesta-se em nós, a VAIDADE. Busquemos tranquilamente conhecê-los, tão profundamente quanto possível, sem mascarar o seu impulso dentro de nós mesmos. Entendamos que a tolerância começa de nós para nós mesmos. Assim, o nosso trabalho de prospecção interior é suave, e não podemos nos maldizer ou nos martirizar pelos defeitos que ainda temos. 

De acordo com Allan Kardec, no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo V. Bem-aventurados os Aflitos. Causas Atuais das Aflições“O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade, acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria. 

A vaidade é decorrente do orgulho, e dele anda próxima. Destaca-se adiante as suas facetas mais comuns:

- Apresentação pessoal exuberante; 

Evidência de qualidades intelectuais, não poupando referências à própria pessoa, ou a algo que realiza;

Esforço em realçar dotes físicos, culturais ou sociais com notória antipatia provocada aos demais;

Intolerância para com aqueles cuja condição social ou intelectual é mais humilde, não evitando a eles referências desairosas;

Aspiração a cargos ou posições de destaque que acentuem as referências respeitosas ou elogiosas à sua pessoa;

Não reconhecimento de sua própria culpabilidade nas situações de descontentamento diante de infortúnios por que passa;

Obstrução mental na capacidade de autoanalisar-se, não aceitando suas possíveis falhas ou erros, culpando vagamente a sorte, a infelicidade imerecida, o azar.

 

De alguma forma e de variada intensidade, contamos todos com uma parcela de vaidade, que pode estar se manifestando nas nossas motivações de algo a realizar, o que é certamente válido, até certo ponto. O perigo, no entanto, reside nos excessos e no desconhecimento das fronteiras entre os impulsos de idealismo, por amor a uma causa nobre, e os ímpetos de destaque pessoal, característicos da vaidade.

A vaidade, nas suas formas de apresentação, quer pela postura física, gestos estudados, retórica no falar, atitudes intempestivas, reações arrogantes, reflete, quase sempre, uma deformação de colocação do indivíduo, face aos valores pessoais que a sociedade estabeleceu.

Isto é, a aparência, os gestos, o palavreado, quanto mais artificiais e exuberantes, mais chamam a atenção, e isso agrada o intérprete, satisfaz a sua necessidade pessoal de ser observado, comentado. No íntimo, o protagonista reflete, naquela aparência toda, grande insegurança e acentuada carência de afeto que nele residem, oriundas de muitos fatores desencadeados na infância e na adolescência. Fixações de imagens que, quando criança, identificou em algumas pessoas aparentemente felizes, bem sucedidas, comentadas, admiradas, cujos gestos e maneiras de apresentação foram tomados como modelo a seguir.

O vaidoso o é, muitas vezes, sem perceber, e vive desempenhando um personagem que escolheu. No seu íntimo é sempre bem diferente daquele que aparenta, e, de alguma forma, essa dualidade lhe causa conflitos, pois sofre com tudo isso, sente necessidade de encontrar-se a si mesmo, embora às vezes sem saber como.

O mais prejudicial nisso tudo é que as fixações mentais nos personagens selecionados podem estabelecer e conduzir a enormes bloqueios do sentimento, levando as criaturas a assumirem um caráter endurecido, insensível, de atitudes frias e grosseiras. 

O Maçom, eterno aprendiz, terá aí um extraordinário campo de reflexão, de análise tranquila, para aprofundar-se até as raízes que geraram aquelas deformações, ao mesmo tempo em que precisa identificar suas características autênticas, o seu verdadeiro modo de ser, para então despir a roupagem teatral que utilizava e colocar-se amadurecidamente, assumindo todo o seu íntimo, com disposição de melhorar sempre.

Outro vício pertinaz que estava presente na torre de Babel e que comumente está em nós em diversos níveis é a ARROGÂNCIA. Com rara facilidade, sob a ação fascinadora da arrogância, julgamos-nos os melhores naquilo que fazemos. Esse é um efeito dos mais perceptíveis do estado orgulhoso de ser, isto é, a propriedade mental de nos toldar a visão para enxergar o quanto nos iludimos com as fantasias do ego.

Um dos efeitos mais inconfessáveis da arrogância em nossos relacionamentos é a nossa falta de habilidade para conviver com honestidade emocional perante o brilho dos êxitos alheiros.

Na maioria das vezes, o mérito alheio ainda é recebido no nosso coração como uma ameaça ou até mesmo uma afronta. Raramente, admitimos tal verdade. O hábito milenar de racionalizar nossos sentimentos constitui uma couraça psicológica enrijecida pelo orgulho.

A educação dos sentimentos depende de abundante honestidade emocional para conduzir-nos à verdade sobre nós mesmos. Sem consciência de suas raízes, jamais admitiremos a presença do ciúme e da inveja – monstros roedores da paz interior.

Tolerância, indulgência, perdão, compaixão e benevolência são algumas das expressões morais imprescindíveis no trato de uns para com os outros.

A consciência da extensão de nossas enfermidades nos levará a concluirmos que nosso movimento libertador é um hospital de vastas proporções e especificidades.

Nada dói tanto quanto a ofensa não intencional, as rusgas não desejadas, as perdas afetivas, as reações inesperadas de ingratidão, o vício em colecionar certezas irremovíveis que traduzem prepotência, a indiferença e o menosprezo. São os frutos da ausência de misericórdia no coração humano.

Enquanto procurarmos as causas das decepções de nossas relações no estudo das imperfeições, não encontraremos respostas satisfatórias às nossas indagações e nem consolo para nossa alma. Somente compreendendo sinceramente quais lições do Livro da Lei deixamos de aplicar em cada passo do caminho, obteremos alento, orientação e estímulo. Misericórdia para com as imperfeições alheias, piedade para com nossas falhas.

O princípio que gera a arrogância foi colocado no homem para o bem. É a ânsia de crescer e realizar-se. O impulso para progredir. O instinto de conservação que prevê a proteção, a defesa. Tais princípios são os fatores de motivação para a coragem, a ousadia, o encanto com os desafios. Graças a eles surgem os líderes, o idealismo e as grandes realizações inspiradas em visões ampliadas do futuro. O excesso de tudo isso, no entanto, criou a paixão. A paixão gerou o vício. O vício patrocinou o desequilíbrio.

No sentido espiritual podemos inferir vários conceitos para o sentimento de arrogar. Vejamos alguns: exacerbada estima a si mesmo. Supervalorização de si, autoconceito superdimensionado

Desejo compulsivo de se impor aos demais. O egoísmo é o sentimento básico. Arrogância é a atitude íntima derivada desse alicerce de sensações nascidas no coração ocupado, exclusivamente, com seu ego. O traço predominante na personalidade arrogante é a não conformidade. Usada com equilíbrio, é fonte de crescimento e progresso. 

Todavia, sob ação dos reflexos da posse e do interesse pessoal esse traço atingiu o patamar de rebeldia e obstinação enfermiça.

A rebeldia tornou-se um condicionamento psicológico que dilata as ações da arrogância. A arrogância retira-nos o senso de realidade. Acreditamos mais naquilo que pensamos sobre o mundo e as pessoas do que naquilo que são realmente. Por essa razão, esse processo da vida mental consolida-se como piso de inumeráveis psicopatologias da classificação humana.

A alteração da percepção do pensamento é o fator gerador dos mais severos transtornos psiquiátricos. São as manifestações enfermiças do eu na direção do narcisismo. Na rigidez, eu controlo. Na competição, eu sou maior. Na imprudência, eu quero. Na prepotência, eu posso. 

A arrogância pensa a vida e, ao pensá-la, afasta-nos dos nossos sentimentos.
existem dois tipos psicológicos mais comuns. A arrogância voltada para o passado, quando há uma fixação em mágoas decorrentes da não-aceitação de ocorrências que, na sua excessiva autovalorização, o arrogante acredita não merecê-la. 

O outro tipo é a arrogância dirigida ao futuro, quando a criatura vive de ideais, no mundo das ideias, acreditando-se mais capaz e valorosa que realmente o é. Interessante observar que uma das propriedades psicológicas doentias mais presentes na estrutura rebelde da arrogância é a incapacidade para percebê-la. O efeito mais habitual de sua ação na mente humana é ter autoconsciência é uma das habilidades da inteligência emocional. 

Saber dar nome aos nossos sentimentos é fundamental no processo de crescimento e reforma interior. A arrogância que costumamos rejeitar como característica de nossa personalidade é responsável por uma dinâmica metamorfose dos sentimentos. É indispensável, portanto, evitar ter pensamentos que estimulem nossa mente com os vícios da presunção, vaidade e prepotência, pois são para a alma, ervas venenosas das quais é preciso a cada dia arrancar algumas hastes, e que têm como antídoto: a caridade e a humildade. 


Bibliografia:

 

FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 8.

 

Prieto PeresNey.Manual Prático do Espírita –. Editora: pensamento.2008. São Paulo.

 

ESCUTANDO SENTIMENTOS – a atitude de amar-nos como merecemos.
Wanderley de Oliveira/Ermance Dufaux.IDE. 2008. São Paulo.

 

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.FEB.2014.Brasília

KARDEC, AllanO Evangelho segundo o Espiritismo. FEB. 2014. Brasília

Ferreira de Almeida, João. Tradução de A Bíblia sagrada.1969. São Paulo.

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