Autodisciplina é uma das virtudes mais consagradas ao estudar os preceitos do grau 14 do rito escocês antigo e aceito. Apesar de o iniciado ser denominado Perfeito e sublime maçom, este título não significa, entretanto, que a escalada terminou. É apenas a primeira etapa de uma longa jornada. As virtudes estimuladas no grau, além da mencionada inicialmente, são: a constância, a solidariedade, a fraternidade e a discrição, que deve acompanhar os maçons conhecedores do sagrado mistério que representa a pronúncia do Verdadeiro Nome de Deus.
Um trecho do livro da Lei, atribuído a Paulo de Tarso, revela a importância da autodisciplina em nós. “Antes subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de algum modo a ficar reprovado.” - Paulo (I Coríntios, 9:27). Efetivamente, o corpo é miniatura do Universo. É imprescindível, portanto, saber governá-lo. Representação em material terrestre da personalidade espiritual é razoável esteja cada um atento às suas disposições. Não é que a substância passiva haja adquirido poder superior ao da vontade humana, todavia, é imperioso reconhecer que as tendências inferiores procuram subtrair-nos o poder de domínio.
É indispensável esteja cada homem em dia com o governo de si mesmo. A vida interior, de alguma sorte, assemelha-se à vida de um Estado. O espírito assume a auto chefia, auxiliado por vários ministérios, quais os da reflexão, do conhecimento, da compreensão, do respeito e da ordem. As ideias diversas e simultâneas constituem apelos bons ou maus do parlamento íntimo. Existem, no fundo de cada mente, extensas potencialidades de progresso e sublimação, reclamando trabalho.
Um ser humano que não é um mestre de si mesmo, jamais poderá tornar-se mestre de coisa alguma. Aquele que é mestre de si mesmo pode tornar-se mestre de seu destino terreno. E a mais elevada forma de autodisciplina consiste na expressão da humildade do coração, quando chegamos a alcançar riquezas ou somos apanhados de surpresa pelo que é chamado, corriqueiramente de “sucesso”.
O governador supremo que é o espírito, no cosmo celular, redige leis benfeitoras, mas nem sempre mobiliza os órgãos fiscalizadores da própria vontade. E as zonas inferiores continuam em antigas desordens, não lhes importando os decretos renovadores que não hostilizam, nem executam. Em se verificando semelhante anomalia, passa o homem a ser um enigma vivo, quando se não converte num cego ou num celerado.
Em outro trecho do Livro da Lei, “Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações.” — (TIAGO 4:8). O apóstolo Tiago entendia perfeitamente a gravidade do assunto, a importância de autodisciplinar-se e aconselhava aos discípulos alimpassem as mãos, isto é, retificassem as atividades do plano exterior, renovassem suas ações ao olhar de todos, apelando para que se efetuasse, igualmente, a purificação do sentimento, no recinto sagrado da consciência, apenas conhecido pelo aprendiz, na soledade indevassável de seus pensamentos. O companheiro valoroso do Mestre Divino, contudo, não se esqueceu de afirmar que isso é trabalho para os de duplo ânimo, porque semelhante renovação jamais se fará tão-somente à custa de palavras brilhantes.
Quem espera vida sã, sem autodisciplina, não se distancia muito do desequilíbrio ruinoso ou total. É necessário instalar o governo de nós mesmos em qualquer posição da vida. O problema fundamental é de vontade forte para conosco, e de boa vontade para com os nossos irmãos.
Bibliografia :
* CONHECENDO A ARTE REAL, ED. MADRAS, SÃO PAULO, 2007.
*Pão Nosso – Psicografia: Francisco Cândido Xavier – Ed.: FEB.
*CAMINHO, VERDADE E VIDA. FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER/EMMANUEL – Ed.: FEB.
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