O maçom, busca em suas lides, a perseverança na superação de quaisquer obstáculos, com o intuito de trabalhar para o melhoramento do mundo. Portanto, por meio do progresso, o maçom poderá galgar, ainda que lentamente, os degraus da escada de Jacó, para enfim erguê-lo do solo das imperfeições e encaminha-lo para a sua gloriosa destinação: a perfeição.
Há dois tipos de progresso: o intelectual e o moral. O homem desenvolve-se por si mesmo, naturalmente, mas nem todos progridem simultaneamente e do mesmo modo. Os mais adiantados auxiliam então o progresso dos outros, por meio do contato social.
Lembrando que o progresso moral e o intelectual nem sempre andam juntos, é necessário que o sábio maçom possa trabalhar para que estes dois exemplos de progresso possam equilibrar-se, de preferência, dar mais valor ao de cunho moral.
O progresso pode ser comparado ao amanhecer. Mesmo demorando aparentemente culmina por lograr êxito. A ignorância, travestida pela força e iludida pela falsa cultura, não poucas vezes se há levantado, objetivando criar embaraços ao desenvolvimento dos homens e dos povos.
O progresso moral nem sempre acompanha o progresso intelectual. Geralmente, os indivíduos e os povos adquirem maior progresso científico e só depois, e apenas lentamente, se moralizam. Com o aumento do discernimento entre o bem e o mal, pelo desenvolvimento do livre-arbítrio, cresce no ser humano a noção de responsabilidade no pensar, no falar e no agir. É que o desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos.
O desenvolvimento intelectual não implica, pois, a necessidade do bem. Uma pessoa dotada de grande inteligência pode ser má. É o que ocorre com aqueles que têm vivido muito sem se melhorar: apenas sabem. É por isso que encontramos entre nações tecnicamente adiantadas tantas injustiças; falta-lhes a moralização dos seus integrantes.
A maçonaria ensina um fato indiscutível que é que somente o progresso moral pode assegurar aos homens a felicidade na Terra, refreando as más paixões e fazendo com que entre os homens reinem a concórdia, a paz e a fraternidade.
Atualmente, no início do século 21, já houve grandes avanços nos diversos campos do conhecimento, mas o progresso moral se acha ainda muito aquém do progresso intelectual a que chegou a Humanidade, daí porque prevalece em nossos dias uma ciência sem consciência, em que não poucas criaturas se valem de suas aquisições culturais apenas para a prática do mal. Cedo ou tarde, porém, os resultados do mau uso do livre-arbítrio e da inteligência recairão sobre os homens, em obediência à lei de causa e efeito; então, trabalhados pela dor, eles ganharão experiências e entendimento para se equilibrarem e continuarem sua jornada evolutiva.
Os maiores obstáculos à marcha do progresso moral são, sem contestação, o orgulho e o egoísmo, enquanto o progresso intelectual se processa sempre. Há quem pense que o progresso intelectual contribua para a exacerbação do egoísmo e do orgulho, desenvolvendo a ambição e o gosto das riquezas, que, a seu turno, incitam o homem a empreender esforços e pesquisas que esclarecem o seu Espírito e dão impulso ao progresso material da Humanidade.
Curta é, porém, a duração desse estado de coisas, que muda à medida que o homem compreende melhor que existe uma felicidade maior e infinitamente mais duradoura, além da que o gozo dos bens terrenos proporciona. Assim, do próprio mal acaba nascendo o bem, e o progresso moral culmina por suceder ao outro. O amor e o conhecimento são as asas harmoniosas que levarão o homem à perfeição, uma meta que, apesar das paixões nefastas que ainda predominam em nossa natureza animal, será impossível de não ser alcançada, porque assim o quer o Grande Arquiteto do Universo.
Há, pois, diferenças entre civilização completa e povos esclarecidos. Quando um povo sai do estado selvagem ou de barbárie e, por força do progresso, adquire novos conhecimentos, tem início o processo de civilização, mas essa civilização é ainda incompleta porque incompleto é seu progresso.
Uma civilização incompleta é um estado transitório, que gera males especiais, desconhecidos do homem no estado primitivo. Nem por isso, no entanto, constitui menos um progresso natural, necessário, que traz em si mesmo o remédio para os males que causa. À medida que a civilização se aperfeiçoa, faz cessar alguns dos males que gerou, males que desaparecem todos com o progresso moral.
Assim, de duas nações que hajam chegado ao ápice da escala social, somente pode considerar-se a mais civilizada, na legítima acepção do termo, aquela onde exista menos egoísmo, menos cobiça e menos orgulho; onde os hábitos sejam mais intelectuais e morais do que materiais; onde a inteligência puder desenvolver-se com maior liberdade; onde haja mais bondade, boa-fé, benevolência e generosidade recíprocas; onde menos enraizados se mostrem os preconceitos de casta e de nascimento, porque tais preconceitos são incompatíveis com o verdadeiro amor ao próximo; onde, enfim, todo o homem de boa vontade esteja certo de não lhe faltar o necessário.
Reconhece-se uma civilização completa pelo seu desenvolvimento moral. Deve-se a Hamurabi o mais antigo conjunto de leis conhecidas pela Humanidade, em que se revela uma visão de equidade avançada para a época, quando o poder predominava sobre o direito e a supremacia do vencedor sobre o vencido constituía regra geral.
Posteriormente, pela necessidade de estabelecerem códigos que pudessem reger seus integrantes, ora subordinados às diretrizes religiosas, ora aos impositivos éticos sobre que colocavam suas bases, as civilizações terrenas formaram seus estatutos de justiça e ordem.Dentre os primeiros moralistas, da escola ingênua, aos grandes legisladores, ressaltam as figuras de Moisés, instrumento do Decálogo, e Jesus, o excelso paradigma do amor, os quais nos facultaram os códigos que fornecem ao ser humano um roteiro seguro em sua marcha na direção da perfeição.
Do Direito Romano aos modernos tratados, as fórmulas jurídicas têm evoluído e apresentado dispositivos e artigos cada vez mais concordes com o espírito de justiça do que com as ambições do comportamento individual e grupal.
A civilização criou necessidades novas para o homem, necessidades relativas à posição social que ele ocupa, e é preciso regular, por meio de leis humanas, os direitos e os deveres que daí decorrem. Quanto menos evoluída a sociedade, mais duras são as suas leis. Evidentemente, uma sociedade depravada precisa de leis severas, mas essas leis, infelizmente, mais se destinam a punir o mal do que a lhe secar a fonte. Com a educação – único meio de reformar os homens – não haverá, no futuro, necessidade de leis tão rigorosas, porque o homem transformado será, não apenas o apoio dos mais fracos, mas o fiscal dos próprios atos.
O sentimento e a sabedoria são as duas asas com que a alma se elevará para a perfeição infinita. No círculo acanhado do orbe terrestre, ambos são classificados como adiantamento moral e adiantamento intelectual, mas, como estamos examinando os valores propriamente do mundo, em particular, devemos reconhecer que ambos são imprescindíveis ao progresso, sendo justo, porém, considerar a superioridade do primeiro sobre o segundo, porquanto a parte intelectual sem a moral pode oferecer numerosas perspectivas de queda, na repetição das experiências, enquanto que o avanço moral jamais será excessivo, representando o núcleo mais importante das energias evolutivas.
Cada esforço redunda num progresso, e cada progresso num poder sempre maior, pois as aquisições sucessivas vão alteando a alma nos inumeráveis degraus da perfeição. O objetivo da evolução, a razão de ser da vida, não é a felicidade terrestre, como muitos erradamente creem, mas o aperfeiçoamento de cada um de nós, o que só realizaremos por meio do trabalho, do esforço e de todas as alternativas de alegrias e de dor, até que nos tenhamos desenvolvido completamente e elevado ao estado celeste.
Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, itens 365, 751, 779, 780, 781, 782, 783, 784 e 785.
A Gênese, de Allan Kardec, item 19.
As Leis Morais, de Rodolfo Calligaris, pág. 120.
As Leis Morais da Vida, de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo P. Franco, item 37.
Estudos Espíritas, de Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo P. Franco, pág.79
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