“Deus é trabalho”, porque descobrimos sua ação na força sem limites que trabalha para o equilíbrio e para a harmonia do universo.
Genericamente, o vocábulo trabalho pode ser definido como: “ocupação em alguma obra ou ministério; exercício material ou intelectual para fazer ou conseguir alguma coisa”. O trabalho é toda ocupação útil e integra o rol das leis morais estabelecidas pelo Criador para reger a vida de suas criaturas. É por meio dele que o homem forja o próprio progresso, desenvolve as possibilidades do meio ambiente em que se situa e amplia os recursos de preservação da vida.
O trabalho é um dos mais sublimes meios do maçom atingir a perfeição. Porém, podemos observar facilmente no mundo profano e em templos maçônicos, criaturas queixosas e insatisfeitas. A maioria revolta-se contra o gênero de seu trabalho. Os que varrem as ruas querem sercomerciantes; os trabalhadores do campo prefeririam a existência na cidade. O problema, contudo, não é de gênero de tarefa, mas o de compreensão da oportunidade recebida. De modo geral, as queixas, nesse sentido, são filhas da preguiça inconsciente.
Para que saibamos honrar nosso esforço, nosso divino Mestre, referiu-se ao Grande Arquiteto do Universo que não cessa de servir em sua obra eterna de amor e sabedoria e à sua tarefa própria, cheia de imperecível dedicação à Humanidade.
Na abastança ou na carência, na direção ou na subalternidade, não devemos menosprezar o agir e servir, porque o trabalho, nas concessões do espaço e do tempo, é o talento comum a todos, pelo uso do qual o espírito se engrandece, no rumo das Esferas Superiores a que se destina. Por ele, as forças mais simples da natureza se movimentam na senda evolutiva, escalando os degraus do progresso para a subida aos cimos da experiência..
Através do trabalho, esforça-se a semente e transforma-se na planta útil, a erigir-se em abençoada garantia do pão. Atendendo-lhe a inspiração, o manancial se desloca e, crescendo em possibilidades sempre mais vastas, converte-se no grande rio que apoia a civilização em torno do próprio sulco. Tudo na paisagem que nos cerca é a exaltação desse talento realmente divino.
É por isso que dinheiro e saúde, cultura e inteligência, tanto quanto os números recursos que rodeiam o homem na Terra, subordinam-se ao trabalho, a fim de se agigantarem na produção e na multiplicação dos benefícios que lhes dizem respeito.
Sem trabalho, a fé se resume à adoração sem proveito, a esperança não passa de flor incapaz de frutescência e a própria caridade se circunscreve a um jogo de palavrasbrilhantes, em torno do qual, os nus e os famintos, os necessitados e os enfermos costumam parecer, pronunciando maldições. Não admitas que a fortuna do tempo, emprestada a todos pela Bondade do G.A.D.U se dissipe em mãos congeladas no ideal inoperante.
Realmente, muitos desastres nos perseguem o caminho das experiências necessárias, em forma de falhas e fraquezas de nossas almas, à frente das Leis do G.A.D.U, mas de todos eles, o maior de todos é a preguiça, porque a preguiça é a protetora da ignorância e da penúria e, através da penúria e da ignorância, poderemos descer aos mais estranhos desequilíbrios do mal.
O trabalho é o buril que nos aprimora, mas pode ser igualmente comparado à uma viagem no rumo da perfeição que desejamos.
O trabalho não se restringe, no entanto, somente aos esforços de ordem física e material, pois abrange a atividade intelectual que objetiva as manifestações da Cultura, do Conhecimento, da Arte e da Ciência.
Mediante o trabalho remunerado o homem modifica o meio, transforma o habitat, cria as condições de conforto. Através do trabalho–abnegação, do qual não decorre pagamento nem permuta de remuneração, ele se modifica a si mesmo e cresce no sentido moral e espiritual.
Pelo primeiro processo – o trabalho remunerado – ele se desenvolve na horizontal e se melhora exteriormente; pelo segundo, ascende no sentido vertical da vida e se transforma de dentro para fora. Utilizando-se do primeiro recurso, conquista simpatia e respeito, gratidão e amizade. Pela autodoação consegue superar-se, revelando-se instrumento da Misericórdia Divina na construção da felicidade de todos.
Quanto menos materiais são as necessidades humanas, menos material é o trabalho. Mas não se deduza disso que em meio dessa natureza o homem se conserve inativo e inútil, porque a ociosidade seria um suplício em vez de ser um benefício.
Jesus, nosso mestre Divino, nos ensinava, quando assim se referia, que devemos nos esforçar na busca do que necessitamos, uma vez que a ajuda do G.A.D.U só ocorre para quem trabalha e se empenha na procura do desejado, usando da humildade, sinceridade, fé e confiança. Embora Ele saiba o que precisamos e nos auxilie sempre, a nossa ligação com ele é necessária para que possamos agir com mais confiança e equilíbrio, garantindo-nos o sucesso do trabalho encetado.
Narra-se que “um sábio caminhava com os discípulos por uma estrada tortuosa, quando encontraram um homem piedoso que, ajoelhado, rogava a Deus que o auxiliasse a tirar seu carro do atoleiro. Todos olharam o devoto, sensibilizaram-se e prosseguiram. Alguns quilômetros à frente, havia um outro homem, que tinha, igualmente, o carro atolado num lodaçal. Este, porém, esbravejava reclamando, mas tentava com todo empenho liberar o veículo. Comovido, o sábio propôs aos discípulos retirar o transporte do atoleiro. Após os agradecimentos, o viajante se foi feliz. Os aprendizes, surpresos, indagaram ao mestre: Senhor, o primeiro homem orava, era piedoso e não o ajudamos. Este, que era rebelde e até praguejava, recebeu nosso apoio. Por quê? Sem perturbar-se, o nobre professor respondeu: Aquele que orava aguardava que Deus viesse fazer a tarefa que a ele competia. O outro, embora desesperado por ignorância, empenhava-se, merecendo auxílio”.
Muitos de nós costumamos agir como o primeiro viajante. Diante das dificuldades que nos parecem insolúveis, acomodamo-nos, esperando que Deus faça a parte que nos cabe para a solução do problema. Não basta pedir ajuda a Deus, é preciso buscar, conforme o ensino de Jesus “buscai e achareis”, “batei e abri-se-vos-á”. Devemos, portanto, fazer a nossa parte, que o G.A.D.U nos ajudará no que não estiver ao nosso alcance resolver.
Ao analisarmos o Antigo e o Novo Testamento, encontramos 152 vezes a palavra trabalho. Porém, é no Evangelho de João, capítulo V, versículos de 1 a 17, que encontramos a inesquecível passagem em que Jesus, curando o paralítico do tanque de Bethesda, menciona que ele e o Pai trabalham até hoje: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (versículo 17).
No livro Estudos Espíritas, psicografado por Divaldo Pereira Franco, diz que “o trabalho é lei da natureza mediante a qual o homem forja o próprio progresso, desenvolvendo as possibilidades do meio ambiente em que se situa, ampliando os recursos de preservação da vida, por meio da satisfação das suas necessidades imediatas na comunidade social onde vive”.
O trabalho honesto proporciona três realizações que todas as pessoas buscam, segundo Rodolfo Calligaris, no seu livro As Leis Morais: O trabalho fortalece o sentimento de dignidade pessoal; torna a pessoa respeitada na comunidade em que vive; e, quando bem realizado, contribui para a sensação de segurança.
Tem o homem, portanto, que conhecer a si mesmo. Deve colocar todo o seu esforço no trabalho digno e edificante em prol de si próprio e do semelhante. Para isso, deve ele se utilizar de todos os recursos orgânicos, materiais e intelectuais que possui.
Não nos esqueçamos, por fim, que Deus nos ajuda, na medida em que nos esforçamos na busca do que precisamos. Tudo concorrerá em nosso favor se trabalharmos com afinco, humildade, fé e confiança. Não há milagres: as grandes obras, conquistas e vitórias são frutos, unicamente, do trabalho digno. É indispensável, portanto, que Devamos seguir adiante com os deveres a cumprir. Ninguém é capaz de interromper o progresso, tanto quanto ninguém consegue impedir que as trevas da noite transforme nas luzes do alvorecer.
Referências:
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos – FEB.
2. O Evangelho segundo o Espiritismo. FEB.
3. A Bíblia sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida. 1969.
4. http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=70&let=A&stat=0
5. XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Ditado pelo Espírito Emmanuel. 16ª edição. Lição 4.
6. FRANCO. Divaldo Pereira. Estudos espíritas. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis – FEB.
7. CALLIGARIS. Rodolfo. As leis morais – FEB.
8. FRANCO. Divaldo Pereira. Leis morais da vida. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis – A bênção do trabalho.
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