segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

O Maçom muito calado.

 

                                                     Imagem: Jean François Millet - Woman and Child (Silence) 

Quando nos entregamos à exposição de idéias nos níveis superiores, é imprescindível que a fala seja acompanhada de imagens mentais da mesma natureza. A seleção dos pensamentos é para que o melhor seja traduzido em palavras e guardar para nós mesmos é egoísmo. Temos a boca também para um serviço valiosíssimo: conversar.


Há certas pessoas que falam em demasia, outras falam menos do que deveriam. É destas últimas que vamos tratar nesta página. O muito calado perde certas oportunidades de aprender e de instruir, de servir e ser servido, de enriquecer com o bem que poderia propagar através do verbo, em execução comum. Não estamos nem vamos contra a natureza de cada ser, porque sabemos as suas variações; no entanto, deves esforçar te, empenhando todo o teu entendimento na computação de qualidades que o bom senso aprove, juntamente com o coração.


A vida requer de todas as criaturas trabalho contínuo no aprimoramento. Deixar para depois é esquecer a dádiva do GADU nas nossas mãos. Se tu és muito calado, vê se conversas mais um pouco; porém, não deixes que o teu esforço se transforme em nervosismo, nem que a tua palavra carregue consigo a indisposição, não querer sair dos teus lábios. 


Os primeiros exercícios irão dar-te algum trabalho, mas o tempo consagrar-te-á por meios de vencer essa inércia, esticada pelo silêncio. O equilibrio nos traz a paz. Pensar demais e falar com economia nos trará emoções desagradáveis no futuro, pois acumularemos energias de difícil desembaraço, que se enroscam nos nossos centros de força, provocando a lentidão, que sobra como lerdeza dos nossos pensamentos. 


É necessário que escoemos para fora, em forma de palavras, as formadas na mente. Não é por nosso querer a sua formação; todavia, participamos muito na sua escolha, e é o que devemos fazer com todo o carinho e cuidado. Toda ação na educação, de certo modo, é demorada, mas vale a pena educar, vale a pena a auto educação, que corresponde à felicidade.


O muito calado, com determinado tempo, começa a se sentir só. Eis aí o início da solidão, ambiente terrível que fazemos em torno de nós mesmos, por nos faltar conhecimento da verdadeira vida e sentir na fraternidade a ligação de todas as pessoas. Se consideras o GADU tão distante, o que não é verdade, e não sabes como amá-Lo, começa a amar o teu próximo, porque o teu semelhante é o caminho mais acertado para Deus.


Fala com ele procurando ajudá-lo e ouve também o que ele tem para te dizer e, nessa troca, verás que estás começando a desempenhar um grande papel, o papel da comunicação.


Por vezes, o companheiro que procuras para conversar é do mesmo modo teu, calado demais, à procura de calor, de assunto, de companhia, e o teu toque poderá despertá-lo, juntamente contigo, para "desenferrujar "as línguas, que foram feitas também para falar. 


Quem sabe tu vais ajudar o teu irmão na cura da doença do silêncio? Podes livrá-lo, e a ti também, da morte, por que estavam se apartando lentamente da sociedade, do convívio daqueles que formam contigo um conjunto universal. É sempre bom que nos lembremos das antigas gerações, e para tal buscamos a anotação de Davi, no capítulo cento e sete, versículo vinte: "Enviou-lhes a sua palavra e os sarou, e os livrou do que era mortal". Não são necessários comentários; conversa mais um pouco com o teu irmão!


Do Livro Horizontes da Fala, João Nunes Maia/ Miramez. Editado para o blog. 

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