segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

O Maçom Que Fala Demais



O santuário da palavra é formação divina e semente de luz que Deus depositou nos escrínios da alma. Ele, o Grande Geômetra, tudo fez na sequência do amor, para que seus filhos se eternizassem na felicidade. Deixou para nós a regulagem de nossos dons, que haveremos de buscar na natureza, nas experiências, através dos canais da dor, para que possamos cumprir a nossa parte na vida, perante ela.


O gorjeio de sons, emitidos pelo nosso dom de falar, é uma das grandes maravilhas que nos cabe domesticar. Quem fala demais vai aos poucos perdendo o sentido das ideias alinhadas na conversa, ocupando todo o seu tempo e o seu parceiro, achando que está agradando, sem se colocar no lugar de quem ouve. Falar demais é um hábito que facilmente passa a vício, e deste à enfermidade que, no começo, requer branda disciplina.


 É como um filete de água que ainda não se tornou cachoeira, porém, se a Providência não acudir a tempo, o desgaste de energias e a perda de capacidade tornar te-ão pessoa indesejada no meio em que vives, e tornarás muito mais difícil a educação da tua voz. O filete de água passará à cachoeira de proporções indescritíveis, requerendo esforços sobrenaturais para o dominio conveniente. 


Façamos como os engenheiros hidráulicos que 

distribuem a água em uma metrópole através de canos, com a disciplina das torneiras. A fala é um manancial que deve ser cuidado, no sentido de beneficiar a todos que nos ouvem. Coloquemos, pois, uma torneira na boca, para que não ocorra o desperdício da água da palavra, que é, por excelência, de ordem celestial.


A energia que consumimos no palavreado é cota sagrada que pertence ao suprimento universal e que, depois de usada como veículo de comunicação, volta ao manancial infinito com a mensagem que nela imprimimos, pelas mãos dos sentimentos e pela força do verbo Sabendo disto, o que deves fazer de agora em diante com o teu dom de falar? O conselho seguinte é do grande orador evangélico, Paulo de Tarso, quando instruía os filipenses:


"E a maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas palavras, ousaram falar com mais desassombro a palavra de Deus"Filipenses, 1:14.


Paulo era falante, mas falava com equilíbrio, na hora certa e no momento exato, aproveitando o dom que Deus lhe deu, nas bênçãos de Jesus Cristo. Quem fala com amor no coração estimula aos que o ouvem a também conversar com mais desassombro acerca das coisas elevadas, silenciando sem desprezo aos que lhe interrogam ou estimulam para conversações de nível inferior, orando por eles em segredo, para que não se sintam humilhados, como pessoas que ainda não acertaram o caminho da luz.


É da máxima popular que "quem fala demais dá bom dia a cavalo", e certamente é assim porque não é entendido e por não existir entendimento nas suas conversações, que o animal não vai responder o cumprimento endereçado a ele; assim é que o ser humano, de certa superioridade, não vai responder à fala provinda da imundície da razão mal educada; fica calado, esperando que Deus e o tempo possam despertar aquele fala mal e que tem as possibilidades de algum dia falar bem, usando o tesouro da palavra como fonte divina, que para a divina elevação de outros dons que dormitam.


Meu irmão, convidar o Mestre dos mestres Jesus para assistir as tuas conversações, sem que a consciência te condene, é o mesmo que colocar uma estrela na boca, que brilhará dia e noite em teu próprio benefício. Não fales em demasia, nem fiques calado como uma múmia; conversa como um sábio, que sabe que nada sabe, mas cuja sabedoria é como sal nos alimentos de bom sabor.


Do Livro Horizontes da Fala, João Nunes Maia/ Miramez. Editado para o blog. 


O Maçom muito calado.

 

                                                     Imagem: Jean François Millet - Woman and Child (Silence) 

Quando nos entregamos à exposição de idéias nos níveis superiores, é imprescindível que a fala seja acompanhada de imagens mentais da mesma natureza. A seleção dos pensamentos é para que o melhor seja traduzido em palavras e guardar para nós mesmos é egoísmo. Temos a boca também para um serviço valiosíssimo: conversar.


Há certas pessoas que falam em demasia, outras falam menos do que deveriam. É destas últimas que vamos tratar nesta página. O muito calado perde certas oportunidades de aprender e de instruir, de servir e ser servido, de enriquecer com o bem que poderia propagar através do verbo, em execução comum. Não estamos nem vamos contra a natureza de cada ser, porque sabemos as suas variações; no entanto, deves esforçar te, empenhando todo o teu entendimento na computação de qualidades que o bom senso aprove, juntamente com o coração.


A vida requer de todas as criaturas trabalho contínuo no aprimoramento. Deixar para depois é esquecer a dádiva do GADU nas nossas mãos. Se tu és muito calado, vê se conversas mais um pouco; porém, não deixes que o teu esforço se transforme em nervosismo, nem que a tua palavra carregue consigo a indisposição, não querer sair dos teus lábios. 


Os primeiros exercícios irão dar-te algum trabalho, mas o tempo consagrar-te-á por meios de vencer essa inércia, esticada pelo silêncio. O equilibrio nos traz a paz. Pensar demais e falar com economia nos trará emoções desagradáveis no futuro, pois acumularemos energias de difícil desembaraço, que se enroscam nos nossos centros de força, provocando a lentidão, que sobra como lerdeza dos nossos pensamentos. 


É necessário que escoemos para fora, em forma de palavras, as formadas na mente. Não é por nosso querer a sua formação; todavia, participamos muito na sua escolha, e é o que devemos fazer com todo o carinho e cuidado. Toda ação na educação, de certo modo, é demorada, mas vale a pena educar, vale a pena a auto educação, que corresponde à felicidade.


O muito calado, com determinado tempo, começa a se sentir só. Eis aí o início da solidão, ambiente terrível que fazemos em torno de nós mesmos, por nos faltar conhecimento da verdadeira vida e sentir na fraternidade a ligação de todas as pessoas. Se consideras o GADU tão distante, o que não é verdade, e não sabes como amá-Lo, começa a amar o teu próximo, porque o teu semelhante é o caminho mais acertado para Deus.


Fala com ele procurando ajudá-lo e ouve também o que ele tem para te dizer e, nessa troca, verás que estás começando a desempenhar um grande papel, o papel da comunicação.


Por vezes, o companheiro que procuras para conversar é do mesmo modo teu, calado demais, à procura de calor, de assunto, de companhia, e o teu toque poderá despertá-lo, juntamente contigo, para "desenferrujar "as línguas, que foram feitas também para falar. 


Quem sabe tu vais ajudar o teu irmão na cura da doença do silêncio? Podes livrá-lo, e a ti também, da morte, por que estavam se apartando lentamente da sociedade, do convívio daqueles que formam contigo um conjunto universal. É sempre bom que nos lembremos das antigas gerações, e para tal buscamos a anotação de Davi, no capítulo cento e sete, versículo vinte: "Enviou-lhes a sua palavra e os sarou, e os livrou do que era mortal". Não são necessários comentários; conversa mais um pouco com o teu irmão!


Do Livro Horizontes da Fala, João Nunes Maia/ Miramez. Editado para o blog. 

O silêncio.

 


Obra: O silêncio - Helene Schjerfbeck

O silêncio faz grande falta na civilização contemporânea.

Fala-se em demasia, e, por conseguinte, fala-se do que não se deve, não se sabe, não convém, apenas pelo hábito de falar.

Na falta de um assunto edificante, ou indiferentes para com ele, as pessoas se utilizam de temas negativos, prejudiciais ou sórdidos, denegrindo a própria alma, insultando o próximo e consumindo energias valiosas.


Há uma preocupação excessiva em falar, opinar, mesmo quando se desconhece a questão.

Parece de bom-tom a postura de referir-se a tudo, e de a respeito de tudo estar a par.

Aumenta, assim, a maledicência, confundem-se as opiniões, e entorpecem-se os conteúdos morais das palavras.

Se cada pessoa falasse apenas o necessário e no momento oportuno, haveria um salutar silêncio na Terra.


Não o silêncio da indiferença, do descaso, da passividade, mas o silêncio do respeito, das conclusões não precipitadas, das análises mais completas sobre as coisas.

Sabemos tão pouco da vida alheia para opinar com acerto, para desenvolver uma crítica, para julgar.

Somos meros aprendizes de todas as áreas do conhecimento, para emitir opiniões sobre tudo.

Somente o silêncio nos ensinará a ouvir mais, a desenvolver a virtude da humildade, essa que nos faz compreender que, mesmo sendo sábios em muitas áreas, temos muito ainda a aprender.

Somente o silêncio poderá nos abrir a alma para as inspirações do Alto, para escutar os bons conselhos, as orientações salutares, que surgem nos momentos de meditação e oração.

Somente o silêncio no Espírito propiciará que contemplemos uma obra de arte, sentindo-a em todas as suas nuances.

Somente o silenciar das ingratidões que sofremos, conseguirá fazer com que entremos no sentimento do próximo, despertando em nossos corações a piedade, que em seguida irá se converter em ação no bem.

Somente o silêncio das palavras vazias poderá dar lugar ao canto magnífico da oração, às vozes que brotam de nosso coração.

*   *   *


 

Texto retirado do livro Momentos de coragem,
pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia
de Divaldo Pereira Franco, ed Leal.
Em  29.1.2013.

Autodisciplina do Perfeito e sublime Maçom.

 


Autodisciplina é uma das virtudes mais consagradas ao estudar os preceitos do grau 14 do rito escocês antigo e aceito. Apesar de o iniciado ser denominado Perfeito e sublime maçom, este título não significa, entretanto, que a escalada terminou. É apenas a primeira etapa de uma longa jornada. As virtudes estimuladas no grau, além da mencionada inicialmente, são: a constância, a solidariedade, a fraternidade e a discrição, que deve acompanhar os maçons conhecedores do sagrado mistério que representa a pronúncia do Verdadeiro Nome de Deus. 


Um trecho do livro da Lei, atribuído a Paulo de Tarso, revela a importância da autodisciplina em nós. “Antes subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de algum modo a ficar reprovado.” - Paulo (I Coríntios, 9:27). Efetivamente, o corpo é miniatura do Universo. É imprescindível, portanto, saber governá-lo. Representação em material terrestre da personalidade espiritual é razoável esteja cada um atento às suas disposições. Não é que a substância passiva haja adquirido poder superior ao da vontade humana, todavia, é imperioso reconhecer que as tendências inferiores procuram subtrair-nos o poder de domínio.


É indispensável esteja cada homem em dia com o governo de si mesmo. A vida interior, de alguma sorte, assemelha-se à vida de um Estado. O espírito assume a auto chefia, auxiliado por vários ministérios, quais os da reflexão, do conhecimento, da compreensão, do respeito e da ordem. As ideias diversas e simultâneas constituem apelos bons ou maus do parlamento íntimo. Existem, no fundo de cada mente, extensas potencialidades de progresso e sublimação, reclamando trabalho.

 

Um ser humano que não é um mestre de si mesmo, jamais poderá tornar-se mestre de coisa alguma. Aquele que é mestre de si mesmo pode tornar-se mestre de seu destino terreno. E a mais elevada forma de autodisciplina consiste na expressão da humildade do coração, quando chegamos a alcançar riquezas ou somos apanhados de surpresa pelo que é chamado, corriqueiramente de “sucesso”.

 

O governador supremo que é o espírito, no cosmo celular, redige leis benfeitoras, mas nem sempre mobiliza os órgãos fiscalizadores da própria vontade. E as zonas inferiores continuam em antigas desordens, não lhes importando os decretos renovadores que não hostilizam, nem executam. Em se verificando semelhante anomalia, passa o homem a ser um enigma vivo, quando se não converte num cego ou num celerado.

 

Em outro trecho do Livro da Lei, “Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações.” — (TIAGO 4:8). O apóstolo Tiago entendia perfeitamente a gravidade do assunto, a importância de autodisciplinar-se e aconselhava aos discípulos alimpassem as mãos, isto é, retificassem as atividades do plano exterior, renovassem suas ações ao olhar de todos, apelando para que se efetuasse, igualmente, a purificação do sentimento, no recinto sagrado da consciência, apenas conhecido pelo aprendiz, na soledade indevassável de seus pensamentos. O companheiro valoroso do Mestre Divino, contudo, não se esqueceu de afirmar que isso é trabalho para os de duplo ânimo, porque semelhante renovação jamais se fará tão-somente à custa de palavras brilhantes.

Quem espera vida sã, sem autodisciplina, não se distancia muito do desequilíbrio ruinoso ou total. É necessário instalar o governo de nós mesmos em qualquer posição da vida. O problema fundamental é de vontade forte para conosco, e de boa vontade para com os nossos irmãos.

 

 

Bibliografia :

 

CONHECENDO A ARTE REALED. MADRAS, SÃO PAULO, 2007.

 

*Pão Nosso – Psicografia: Francisco Cândido Xavier – Ed.: FEB.

 

*CAMINHO, VERDADE E VIDAFRANCISCO CÂNDIDO XAVIER/EMMANUEL – Ed.: FEB.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Liberdade almejada por Zorobabel.


Assim diz a lenda no Rito Escocês Antigo e Aceito, que em 70 anos de escravidão do povo judeuZorobabel, um dos escravos à época, obteve do Reide Ciro II, o Grande, sucessor de Nabucodonosor, a permissão de retornar à Jerusalém para reconstruir o Templo.  Nas ruínas do Templo reuniam-se os “adeptos” formando uma Reunião de Conselho.  O chefe desse Conselho contara a Zorobabel sobre as provações do povo e sua vontade de reconstruir o Templo, identificou-se com a causa. Zorobabel deseja de toda a alma e a seu povo, a liberdade. Mas seria somente a liberdade do “ir e vir” necessária para a sublimação da alma?

Liberdade! Palavra tão discutida, tão pronunciada pelo homem em todos os tempos e que, na atualidade, ganha mais força em consequência da própria evolução dos tempos.

Ser livre para quê? Eis uma boa pergunta. Medito na resposta e considero a liberdade, tão importante para o homem quanto o ar que ele respira. Entretanto, cumpre considerar que a liberdade absoluta é algo bastante difícil de ser alcançado. Todos, indiscriminadamente, estamos sujeitos a limitações maiores ou menores em relação à nossa vontade de sermos livres. (1)


Estas limitações, ressalta-se, são de várias ordens. Há aquelas que nos são impostas pelos que têm a missão de nos educar. Há outras que as leis nos apontam, para determinar a existência de um limite entre o que podemos e o que não podemos fazer, em função de não prejudicarmos o nosso semelhante. No entanto, há limitações à nossa liberdade que são impostas por nós próprios. Elas são marcadas pelo nosso passado, pelas experiências vividas, pelo que se aproveitou e pelo que se desperdiçou. Nós mesmos de forma inconsciente, colocamos limitações à nossa ação, visto termos registrado, no âmago da nossa essência espiritual, a real necessidade de nossa caminhada evolutiva. 


Liberdade é um estado do ser que não sofre constrangimento, que age conforme a sua vontade, a sua natureza. Em  termos políticos é a faculdade de fazer o que se queira dentro  dos limites do direito. 

Os atos livres praticados pelo indivíduo podem levá-lo à  ampliação ou à limitação de outros atos livres. Caso  escolha deliberadamente  o vício haverá um tolhimento da  vontade, pois esta  estará submetida à necessidade de supri-lo, impedindo a continuidade  dos atos livres. A dimensão da moral  entra, aqui, como elemento que vai permitir a continuidade dos atos livres, ou seja, a aquisição do estado de liberdade.

O estado de liberdade depende do livre-arbítrio, quer dizer,  da capacidade de escolha entre o certo e o errado.  Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, diz-nos que o  livre-arbítrio existe no estado de Espírito, com a escolha das  provas,  e no estado  corpóreo, com a faculdade de ceder ou resistir aos arrastamentos a que voluntariamente estamos submetidos. Neste sentido, o homem não é fatalmente conduzido ao mal: os crimes que comete não são o resultado de um decreto do destino; será  sempre livre para agir como quiser.

A perfeita liberdade do Espírito  far-se-á pela prática dos preceitos evangélicos. Empenhemo-nos, pois, no estudo e na vivência dos ensinos deixados pelo mestre Jesus.

A liberdade é filha da fraternidade e da igualdade. Fala-se da liberdade legal e não da liberdade natural, que, de direito, é imprescritível para toda criatura humana, desde o selvagem até o civilizado. Os homens que vivam como irmãos, com direitos iguais, animados do sentimento de benevolência recíproca, praticarão entre si a justiça, não procurarão causar danos uns aos outros e nada, por conseguinte, terão que temer uns dos outros. A liberdade nenhum perigo oferecerá, porque ninguém pensará em abusar dela em prejuízo de seus semelhantes. Mas, como poderiam o egoísmo, que tudo quer para si, e o orgulho, que incessantemente quer dominar, dar a mão à liberdade que os destronaria? O egoísmo e o orgulho são, pois, os inimigos da liberdade, como o são da igualdade e da fraternidade.

A liberdade pressupõe confiança mútua. Ora, não pode haver confiança entre pessoas dominadas pelo sentimento exclusivista da personalidade. Não podendo cada uma satisfazer- se a si própria senão à custa de outrem, todas estarão constantemente em guarda umas contra as outras. Sempre receosas de perderem o a que chamam seus direitos, a dominação constitui a condição mesma da existência de todas, pelo que armarão continuamente ciladas à liberdade e a restrição, o quanto puderem.


Seguir-se-á daí que, enquanto os homens não se acharem imbuídos do sentimento de fraternidade, será necessário tê-los em servidão? Dar-se-á sejam inaptas as instituições fundadas sobre os princípios de igualdade e de liberdade? Semelhante opinião fora mais que errônea; seria absurda. Ninguém espera que uma criança se ache com o seu crescimento completo para lhe ensinar a andar. Quem, ao demais, os tem sob tutela? Serão homens de ideias elevadas e generosas, guiados pelo amor do progresso? Serão homens que se aproveitem da submissão dos seus inferiores para lhes desenvolver o senso moral e elevá-los pouco a pouco à condição de homens livres? Não; são, em sua maioria, homens ciosos do seu poder, a cuja ambição e cupidez outros homens servem de instrumentos mais inteligentes do que animais e que, então, em vez de emancipá-los, os conservam, por todo o tempo que for possível, subjugados e na ignorância.


Sente-se, porém, que as bases sociais não estão sólidas; a cada passo o solo treme, por isso que ainda não reinam a liberdade e a igualdade, sob a égide da fraternidade, porque o orgulho e o egoísmo continuam empenhados em fazer se malogrem os esforços dos homens de bem.

Todos vós que sonhais com essa idade de ouro para a Humanidade trabalhai, antes de tudo, na construção da base do edifício, sem pensardes em lhe colocar a cúpula; ponde-lhe nas primeiras fiadas a fraternidade na sua mais pura acepção. Mas, para isso, não basta decretá-la e inscrevê-la numa bandeira; faz-se mister que ela esteja no coração dos homens e não se muda o coração dos homens por meio de ordenações. Do mesmo modo que para fazer que um campo frutifique, é necessário se lhe arranquem os pedrouços e os tocos, aqui também é preciso trabalhar sem descanso por extirpar o vírus do orgulho e do egoísmo, pois que aí se encontra a causa de todo o mal, o obstáculo real ao reinado do bem. Eliminai das leis, das instituições, das religiões, da educação até os últimos vestígios dos tempos de barbárie e de privilégios, bem como todas as causas que alimentam e desenvolvem esses eternos obstáculos ao verdadeiro progresso, os quais, por assim dizer, bebemos com o leite e aspiramos por todos os poros na atmosfera social. Somente então os homens compreenderão os deveres e os benefícios da fraternidade e também se firmarão por si mesmos, sem abalos, nem perigos, os princípios complementares, os da igualdade e da liberdade.  (2)

Instruir-se é conquistar cada vez mais a liberdade. É necessário conhecer a Lei. "Conhecereis a Verdade e esta vos converterá em homens livres"! Jesus expressou com perfeição, aprender a Lei é libertar-se!

A Liberdade é condição essencial do homem sobre a Terra. É um dom que foi forjado juntamente com o espírito pelas mãos divinas. Imagem e Semelhança refere-se principalmente à esta faceta humana, ser livre. Somos livres enquanto dotados de livre-arbítrio, mas a vida em sociedade nos impõe as limitações necessárias ao abuso, aganância e ao totalitarismo.


A primeira forma de Legislação veio a Terra por meio da mediunidade de Moisés, no momento em que o povo hebreu após quatro séculos de servidão no Egito, ansiou e arriscou-se na jornada em busca da Liberdade. A liberdade é então um marco na nossa história. Foi a sua busca que nos proporcionou a recepção da primeira Revelação de Deus ao mundo. Moisés legislava e o povo lhe obedecia, sustentado pela promessa divina. Deixou o povo judeu no Egito, pequenas propriedade, alguma posse material, alguns animais. E visando um sonho contido em profecias de seu povo, trocaram a estabilidade mesquinha da terra da servidão, pela instabilidade promissora da terra prometida. Trocaram a mediocridade pela oportunidade, arriscaram tudo por uma promessa. Saíram do Egito, como Abraão havia deixado a Caldéia, apenas com uma promessa divina de uma Terra dadivosa. 


Durante essa prolongada e tormentosa travessia, alguns tiveram saudade da servidão e dos velhos ídolos do imediatismo e da idolatria, mas Moisés foi enérgico e proibiu entre eles práticas que recordassem o período em que eram escravos, em que não tinham dignidade, em que não eram homens. Não há preço para a Liberdade. Todos os povos a almejam em todas as épocas da humanidade. Todos os povos submetidos ao imperialismo rebelaram-se e nesse particular, a Epopeia judaica da travessia do Mar Vermelho é incomparável. Erich Fromm refere-se ao Medo à Liberdade, que é o mesmo do pássaro que nasce no cativeiro e não sabe deixar a gaiola se aberta, e se deixá-la fenece. Santo Agostinho revela em suas Confissões que roubava, na infância, as maçãs dos vizinhos, que havia em seu próprio pomar, apenas pelo prazer de pecar. A sublimação de seus instintos levou-o a descobrir o Prazer de Não Pecar. (3)

Essa é a verdadeira Liberdade. Esse é o escopo de nossa vida!

 

Bibliografia :

1 – intercâmbio.  Assunção Silva, Alayde de ; Secron, Lúcia Maria; Luiz Sérgio (espírito). 6° edição, 1988.Ed: gráfica Ipiranga.

2 -"Obras  Póstumas", de Allan Kardec. Primeira parte. FEB.26ª ed. 1993.

3-www.espiritismocristao.blogspot.com.br/2007/05/lei-de-liberdade.html

PERSEVERANÇA DE ZOROBABEL



Zorobabel, personagem bíblico. Foi um judeu desejoso pela libertação de seu povo, depois de décadas de escravidão. Ele conseguiu o que desejava, mas para conseguir este grande feito, foi necessário uma “grande dose” de perseverança em seus objetivos. Já disse o Mestre dos mestres, “Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo”. - Jesus (Mateus, 10:22).


Para nós, maçons, devemos estudar a perseverança de Zorobabel, em nosso aperfeiçoamento interior. Somente através da perseverança é que se consegue amoldar as ambições aos atos, tornando-os realizáveis, materializando-os, particularmente no que diz respeito àqueles de elevação moral, que resultam em bênçãos de qualquer natureza em favor do Espírito. (1)

Os obstáculos que surgem em nossos caminhos são bênçãos de Deus a recompor as nossas forças em Cristo, de sorte a nos ajudar, sensibilizando os nossos dons, para reconhecermos a nós mesmos. Como testarmos a nossa posição diante de Deus, fora das dificuldades?


Ao passarmos pelos caminhos do mundo nas linhas dos deveres morais e espirituais, se desconhecermos os contrastes que têm o poder de despertar qualidades que dormem no coração e na consciência, desconfiemos das possibilidades de servir.

A perseverança é um recurso indispensável, tanto para o autoconhecimento como para o aperfeiçoamento interior, porque não se consegue um resultado imediato nestes processos, especialmente no auto aprimoramento. As pessoas que fazem algumas tentativas e desistem, nada conseguem de positivo. Só obtém êxito as que persistem no esforço para atingir os objetivos colimados. (2)


Os obstáculos são forças que nos ajudam a raciocinar, são empecilhos que limpam a visão para que possamos trabalhar com mais intensidade em busca do melhor. As adversidades que e. diárias serão ajuda que vem para desfazer as nossas ilusões, quase sempre criadas por nossa vaidade. (2)

Perseverar no bem, até o fim, que a persistência no amor transformará os sentimentos envolvidos com as trevas em impulsos iluminados, convertendo as disposições inferiores em paz para a consciência.

Mesmo que os obstáculos ameacem tolher os passos, imprescindível será continuar andando no bem comum.

Mesmo que as enfermidades entravem a palavra, continuemos pensando nas ideias superiores e, se possível, escreve sobre elas, para que no amanhã os ideais elevados se materializem em amor e em caridade. (3)


Mesmo que a visão seja tirada, nas lutas de cada dia, avança com fé, e fazer o mais que puder de útil, que o Grande Arquiteto do Universo dar-te-á a luz, e por ela estenderemos, podendo fazer o melhor e melhorando a alma.

Aí, então, compreenderás o que Mateus anotou e que ouviu do Divino Mestre: Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo. (3)

 

Porfiai em entrar pela porta estreita." (Lucas, 13:24)

Um exemplo de perseverança e luta persistente em favor de um ideal nos é oferecido por Paulo de Tarso, o valoroso paladino das verdades cristãs, que levou as palavras do Evangelho ao seio de muitos povos da sua época.

Em sua segunda epístola aos Coríntios, o grande apóstolo narra as suas vicissitudes da seguinte forma:

"Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. "Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo.

"Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos.

"Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez."


Somente os que são norteados por um idealismo sadio e por uma fé viva podem suportar, com estoicismo, os sofrimentos dessa natureza, sem que ocorra qualquer esmorecimento. (4)

A visão da Estrada de Damasco deu a Paulo de Tarso o dinamismo necessário para levar avante a sua missão, uma vez que poucos são os homens que se revestem da couraça da fé para realizar uma tarefa redentora. Muitos ficam à margem do caminho ou preferem se demorar na estagnação ou obstado pelo apego ao comodismo ou à observância de vãs tradições.

À certa altura da mesma epístola, o Apóstolo dos Gentios proclamou: "E, para que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de me não exaltar. Acerca de qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim".


Isso significa que a ação do apóstolo importunou os inimigos da luz e estes investiram violentamente contra ele, fazendo com que, além de sofrer as investidas de muitos homens empedernidos de sua época, sofresse também os obstáculos impostos pela ação de Espíritos trevosos, interessados na manutenção de um status fundamentado sobre o império das trevas.

Para se vencer na luta é imperioso que sejamos norteados por uma disposição inquebrantável, sem a preocupação com as quedas e as adversidades que possam surgir.


A perseverança deverá presidir a nossa ação, quer estejamos propugnando pela implantação de um ideal nobre, cuja vitória implicará o advento de relevantes benefícios para a Humanidade, em cujo caso enquadramos a missão desenvolvida por Paulo de Tarso, quer estejamos empenhados numa luta pelo nosso próprio aprimoramento e cujos únicos beneficiários seremos nós mesmos.


Quando Jesus Cristo proclamou que "aqueles que perseverassem até o fim seriam salvos", quis dizer que, qualquer que seja a tarefa que estejamos desenvolvendo, não devemos jamais permanecer estacionários à margem do caminho, mas devemos emprestar dinamismo e persistência na luta que travamos até que surja a vitória final.


Os Evangelhos registram vários ensinamentos verificando a importância da perseverança.

Quando Jesus Cristo foi procurado pela Mulher Cananéia, a princípio não atendeu a sua rogativa, afirmando que havia sido enviado tão-somente às ovelhas desgarradas da Casa de Israel, entretanto a mulher persistiu, seguiu-o, clamou, suplicou, acabando por merecer do Mestre a tão almejada cura para a sua filha.


Maria Madalena, após defrontar-se com o Mestre, optou por uma persistente batalha em favor da sua reforma interior, perseverando na luta íntima e conseguindo colimar apoteótica vitória sobre os vícios que a atormentavam, merecendo por isso o prêmio de ser a primeira pessoa a ser visitada pelo Espírito de Jesus, logo após o episódio da crucificação. O Mestre havia sentido que Maria fora a mulher que havia travado e vencido uma das mais gigantescas lutas contra o império do mal.


O publicano Zaqueu alimentava o propósito de dialogar com Jesus e perseverou até o fim, chegando mesmo a subir numa figueira, onde recebeu o convite generoso do Mestre para o tão almejado diálogo, no qual, após se predispor a distribuir metade da sua fortuna com os pobres, mereceu as célebres palavras proferidas pelo Senhor:

"Zaqueu, hoje entrou a salvação em tua casa".

João Batista, o precursor de Jesus, perseverou na ingente tarefa a que se havia proposto, combatendo o erro e ensinando como evitá-lo, chegando por isso mesmo a enfrentar o ódio de Herodes. Ele só pôs um paradeiro em sua luta quando, após enviar dois dos seus emissários a Jesus, certificou-se de que ali estava realmente o Messias prometido, o que significava que a sua missão estava cumprida.


Existe, no entanto, a perseverança na prática do mal, a qual tem consequências danosas e imprevisíveis.

Judas Escariotes dispôs-se a trair o Mestre, recebendo em troca trinta moedas de prata. Na última ceia teve uma autêntica advertência e uma oportunidade ímpar de voltar atrás. Mas a persistência no erro fez com que realizasse o seu intento, o que redundou em seu próprio suicídio e obviamente em longos séculos de sofrimentos espirituais.Os escribas e fariseus tiveram a demonstração mais viva de que Jesus Cristo era o tão aguardado Messias, no entanto, preferiram perseverar na cegueira e na incompreensão, não encerrando a perseguição enquanto não viram o Mestre suspenso no madeiro infamante. (4)

Devemos, pois, perseverar até o fim, mas sempre no caminho do bem, na senda da reforma interior, na luta em favor do aprimoramento espiritual da Humanidade.

 

 

Bibliografia:

1 – Vida: desafios e soluções. Franco, Divaldo. Espírito : Angelis, Joanna de. Ed: Leal editora. 2012.

2 – Auto aperfeiçoamento. Ferreira, Umberto. Ed: Paulo de Tarso. 1998.

3 - Páginas Esparsas, Maia, João Nunes; Espírito Miramez.Ed: fonte viva

4 – Os Padrões Evangélicos. Godoy, Paulo Alves; Ed:FEESP. 2000.

Ambições desmedidas.

          



          O aprendiz na Ordem sublime, a priori, deve exercitar sua consciência e sua alma aspirando o reino do céu, admitindo que tem sido prisioneiro da matéria e cego de suas paixões. Quando é retirado o véu que lhe cobre os olhos, recobre a lucidez. 

O homem tem necessidade do saber, da luz que esclareça, da esperança que console, da certeza que o guie e sustente. Mas tem também os meios para conhecer, a possibilidade de ver a verdade se destacar das trevas e o inundar de sua benfazeja luz. Para isso, deve se desligar dos sistemas preconcebidos, descer ao fundo de si mesmo, ouvir a voz interior que nos fala a todos, e que os sofismas não podem enganar: a voz da razão, a voz da consciência.


Se a vida estivesse circunscrita ao período que vai do berço à tumba, se as perspectivas da imortalidade não viessem esclarecer sua existência, o homem não teria outra lei senão a de seus instintos, apetites e gozos. Pouco importaria que amasse o bem e a equidade. Se não faz senão aparecer e desaparecer nesse mundo, se traz consigo o esquecimento de suas esperanças e afeições, sofreria tanto mais quanto mais puras e mais elevadas fossem suas aspirações; amando a justiça, soldado do direito, acreditar-se-ia condenado a quase nunca ver sua realização; apaixonado pelo progresso, sensível aos males de seus semelhantes, imaginaria que se extinguiria antes de ver triunfarem seus princípios.


Quando, descendo ao fundo de nós mesmos, querendo aprender a nos conhecer, a analisar nossas faculdades; quando, afastando de nossa alma a borra que a vida acumula, o espesso envelope de preconceitos, erros e sofismas que têm revestido nossa inteligência; penetrando nos recessos mais íntimos de nosso ser, encontramo-nos face a face com esses princípios augustos sem os quais não haveria grandeza para a humanidade: o amor ao bem, o sentimento de justiça e de progresso. Esses princípios, que se encontram em diversos graus, tanto entre os ignorantes quanto entre os homens de gênio, não podem vir da matéria, desprovida que está de tais atributos. E se a matéria não possui essas qualidades, como poderia formar, sozinha, os seres que delas são dotados? O senso do belo e do verdadeiro, a admiração que sentimos pelas grandes e generosas obras, não poderia ter a mesma origem que a carne de nossos membros ou o sangue de nossas veias. Está lá, na sua maior parte, como os reflexos de uma luz sublime e pura que brilha em cada um de nós, da mesma forma que o sol se reflete sobre as águas, quer estejam perturbadas ou límpidas.


Sendo o propósito da vida o aperfeiçoamento intelectual e moral do ser, que condições, que meios nos conviriam melhor para realizá-lo? O homem pode trabalhar em seu aperfeiçoamento em todas as condições, em todos os meios sociais; entretanto, se sairia bem mais facilmente dentro de certas condições determinadas. A riqueza proporciona ao homem, meios de estudo poderosos; permite-lhe dar ao seu espírito uma cultura mais desenvolvida e mais perfeita; coloca em suas mãos facilidades maiores para aliviar seus irmãos infelizes, participando por meio de fundações de utilidade pública, visando o melhoramento de seus destinos. 


Mas são raros os que consideram como um dever trabalhar no alívio da miséria, na instrução e melhoria de seus semelhantes. A riqueza, frequentemente, seca o coração humano; extingue essa chama interior, esse amor ao progresso e às melhorias sociais que anima toda alma generosa; ergue uma barreira entre os poderosos e os humildes; leva a viver em um meio onde não se alcança os deserdados desse mundo e onde, por consequência, suas necessidades e males permanecem quase sempre ignorados e desconhecidos. 


A miséria também tem seus pavorosos perigos: a degradação dos caráteres, o desespero, o suicídio. Mas, enquanto a riqueza nos torna indiferentes e egoístas, a pobreza, ao nos aproximar dos humildes, nos faz compartilhar a dor. É preciso ter sofrido, por si mesmo, para apreciar os sofrimentos do outro. Enquanto os poderosos, no seio dos honrados, invejam-se e procuram rivalizar em brilho, os pequenos, aproximados pela necessidade, vivem, por vezes, em tocante confraternização.


Uma condição modesta convém melhor ao espírito desejoso de progredir, de adquirir as virtudes necessárias à sua ascensão moral. Longe do turbilhão dos prazeres enganadores, aquilatará melhor a vida. Solicitará da matéria o que é necessário à conservação de seu organismo, mas evitará cair nos hábitos perniciosos, tornar-se presa das inumeráveis necessidades fictícias que são os flagelos da humanidade. Será sóbrio e trabalhador, contentando-se com pouco, ligando-se, acima de tudo, aos prazeres da inteligência e às jóias do coração.


O conceito de prosperidade no mundo é sempre discutível, porquanto nem todos sabem possuir, elevar-se ou comandar com proveito para os sagrados objetivos da Criação. Muita gente, pela reflexão mental incessante em torno dos recursos amoedados, progride em títulos materiais; entretanto, se os não converte em fatores de enriquecimento geral, cava abismos dourados nos quais se submerge, gastando longo tempo para libertar-se do azinhavre da usura. 


Legiões de pessoas no século ferem o solo da vida, com anseios repetidos de saliência individual, e adquirem vasto renome na ciência e na religião, nas letras e nas artes; contudo, se não movimentam as suas conquistas no amparo e na educação dos companheiros da senda humana, quase sempre, muito embora fulgurem nas galerias da genialidade, sofrem o retorno das ondas mentais de extravagância que emitem, caindo em perigosos labirintos de purgação. 


Há, por isso, muita prosperidade aparente, mais deplorável que a miséria material em si mesma, porque a mesa vazia e o fogão sem lume podem ser caminhos de louvável reparação, enquanto o banquete opíparo e a bolsa farta, em muitas ocasiões, apenas significam avenidas de licença que correm para o despenhadeiro da culpa, de onde só conseguiremos sair ao preço de longos estágios na perturbação e na sombra. 


Muitos maçons inexperientes perguntam por que motivo o Grande Arquiteto do universo protegeria o progresso material dos ímpios. Em verdade, porém, semelhante fortuna não existe, de vez que a prosperidade, ausente da reta conduta, não passa de apropriação indébita e é como roupa brilhante cobrindo chagas ocultas, que exigem a formação de reflexos contrários aos enganos que as originaram, a fim de que a prosperidade legítima, a expressar-se em serviço e cultura, amor e retidão, confira ao espírito o reflexo dominante da luz.


O homem que saiba governar muitos bens reunidos, construindo com eles a base do trabalho e da educação de muitos, é qual represa em lide, no campo social, missionário do progresso que as leis da vida nutrem de esperança e saúde, segurança e alegria; ao passo que o detentor de numerosos bens, sem qualquer serventia para a comunidade, é um sorvedouro em sombra à margem do caminho, usurário infeliz que as mesmas leis da vida cercam de angústia e medo, solidão e secura. 


O amparo que recolhemos corresponde ao amparo que dispensamos. E o amparo que dispensamos está invariavelmente seguido de vastos acréscimos potenciais para a hipótese de nos fazermos mais úteis. Lembremo-nos de que refletir as bênçãos do Grande Arquiteto do Universo no socorro espontâneo ao próximo, sem o tambor da vaidade a estimular-nos o exclusivismo, é atrair os reflexos de Deus para aqueles que nos cercam e que, igualmente em silêncio, se deslocam ao nosso encontro, prestando-nos assistência efetiva. Ajudar com o sentimento, com a ideia, com a palavra e com a ação, ajudar a todos e melhorar sempre é invocar, em nosso favor, o apoio integral da vida. Não nos esqueçamos, pois, de que o auxilio que prestamos às criaturas, sem exigência e sem paga, é a nossa rogativa silenciosa ao Socorro Divino, que nos responde, invariável, com a luz da cooperação e do suprimento. 

 

Bibliografia:

• PENSAMENTO E VIDA. FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER DITADO PELO ESPÍRITO EMMANUEL. Editora FEB.

 

• O PORQUÊ DA VIDA. Léon Denis. Maria Lúcia Alcântara de Carvalho (tradutor). ED. LÉON DENIS.

 

• HORIZONTES DA VIDA. Miramez/João Nunes Maia. Ed: Fonte viva.