Zorobabel, personagem bíblico. Foi um judeu desejoso pela libertação de seu povo, depois de décadas de escravidão. Ele conseguiu o que desejava, mas para conseguir este grande feito, foi necessário uma “grande dose” de perseverança em seus objetivos. Já disse o Mestre dos mestres, “Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo”. - Jesus (Mateus, 10:22).
Para nós, maçons, devemos estudar a perseverança de Zorobabel, em nosso aperfeiçoamento interior. Somente através da perseverança é que se consegue amoldar as ambições aos atos, tornando-os realizáveis, materializando-os, particularmente no que diz respeito àqueles de elevação moral, que resultam em bênçãos de qualquer natureza em favor do Espírito. (1)
Os obstáculos que surgem em nossos caminhos são bênçãos de Deus a recompor as nossas forças em Cristo, de sorte a nos ajudar, sensibilizando os nossos dons, para reconhecermos a nós mesmos. Como testarmos a nossa posição diante de Deus, fora das dificuldades?
Ao passarmos pelos caminhos do mundo nas linhas dos deveres morais e espirituais, se desconhecermos os contrastes que têm o poder de despertar qualidades que dormem no coração e na consciência, desconfiemos das possibilidades de servir.
A perseverança é um recurso indispensável, tanto para o autoconhecimento como para o aperfeiçoamento interior, porque não se consegue um resultado imediato nestes processos, especialmente no auto aprimoramento. As pessoas que fazem algumas tentativas e desistem, nada conseguem de positivo. Só obtém êxito as que persistem no esforço para atingir os objetivos colimados. (2)
Os obstáculos são forças que nos ajudam a raciocinar, são empecilhos que limpam a visão para que possamos trabalhar com mais intensidade em busca do melhor. As adversidades que e. diárias serão ajuda que vem para desfazer as nossas ilusões, quase sempre criadas por nossa vaidade. (2)
Perseverar no bem, até o fim, que a persistência no amor transformará os sentimentos envolvidos com as trevas em impulsos iluminados, convertendo as disposições inferiores em paz para a consciência.
Mesmo que os obstáculos ameacem tolher os passos, imprescindível será continuar andando no bem comum.
Mesmo que as enfermidades entravem a palavra, continuemos pensando nas ideias superiores e, se possível, escreve sobre elas, para que no amanhã os ideais elevados se materializem em amor e em caridade. (3)
Mesmo que a visão seja tirada, nas lutas de cada dia, avança com fé, e fazer o mais que puder de útil, que o Grande Arquiteto do Universo dar-te-á a luz, e por ela estenderemos, podendo fazer o melhor e melhorando a alma.
Aí, então, compreenderás o que Mateus anotou e que ouviu do Divino Mestre: Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo. (3)
Porfiai em entrar pela porta estreita." (Lucas, 13:24)
Um exemplo de perseverança e luta persistente em favor de um ideal nos é oferecido por Paulo de Tarso, o valoroso paladino das verdades cristãs, que levou as palavras do Evangelho ao seio de muitos povos da sua época.
Em sua segunda epístola aos Coríntios, o grande apóstolo narra as suas vicissitudes da seguinte forma:
"Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. "Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo.
"Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos.
"Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez."
Somente os que são norteados por um idealismo sadio e por uma fé viva podem suportar, com estoicismo, os sofrimentos dessa natureza, sem que ocorra qualquer esmorecimento. (4)
A visão da Estrada de Damasco deu a Paulo de Tarso o dinamismo necessário para levar avante a sua missão, uma vez que poucos são os homens que se revestem da couraça da fé para realizar uma tarefa redentora. Muitos ficam à margem do caminho ou preferem se demorar na estagnação ou obstado pelo apego ao comodismo ou à observância de vãs tradições.
À certa altura da mesma epístola, o Apóstolo dos Gentios proclamou: "E, para que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de me não exaltar. Acerca de qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim".
Isso significa que a ação do apóstolo importunou os inimigos da luz e estes investiram violentamente contra ele, fazendo com que, além de sofrer as investidas de muitos homens empedernidos de sua época, sofresse também os obstáculos impostos pela ação de Espíritos trevosos, interessados na manutenção de um status fundamentado sobre o império das trevas.
Para se vencer na luta é imperioso que sejamos norteados por uma disposição inquebrantável, sem a preocupação com as quedas e as adversidades que possam surgir.
A perseverança deverá presidir a nossa ação, quer estejamos propugnando pela implantação de um ideal nobre, cuja vitória implicará o advento de relevantes benefícios para a Humanidade, em cujo caso enquadramos a missão desenvolvida por Paulo de Tarso, quer estejamos empenhados numa luta pelo nosso próprio aprimoramento e cujos únicos beneficiários seremos nós mesmos.
Quando Jesus Cristo proclamou que "aqueles que perseverassem até o fim seriam salvos", quis dizer que, qualquer que seja a tarefa que estejamos desenvolvendo, não devemos jamais permanecer estacionários à margem do caminho, mas devemos emprestar dinamismo e persistência na luta que travamos até que surja a vitória final.
Os Evangelhos registram vários ensinamentos verificando a importância da perseverança.
Quando Jesus Cristo foi procurado pela Mulher Cananéia, a princípio não atendeu a sua rogativa, afirmando que havia sido enviado tão-somente às ovelhas desgarradas da Casa de Israel, entretanto a mulher persistiu, seguiu-o, clamou, suplicou, acabando por merecer do Mestre a tão almejada cura para a sua filha.
Maria Madalena, após defrontar-se com o Mestre, optou por uma persistente batalha em favor da sua reforma interior, perseverando na luta íntima e conseguindo colimar apoteótica vitória sobre os vícios que a atormentavam, merecendo por isso o prêmio de ser a primeira pessoa a ser visitada pelo Espírito de Jesus, logo após o episódio da crucificação. O Mestre havia sentido que Maria fora a mulher que havia travado e vencido uma das mais gigantescas lutas contra o império do mal.
O publicano Zaqueu alimentava o propósito de dialogar com Jesus e perseverou até o fim, chegando mesmo a subir numa figueira, onde recebeu o convite generoso do Mestre para o tão almejado diálogo, no qual, após se predispor a distribuir metade da sua fortuna com os pobres, mereceu as célebres palavras proferidas pelo Senhor:
"Zaqueu, hoje entrou a salvação em tua casa".
João Batista, o precursor de Jesus, perseverou na ingente tarefa a que se havia proposto, combatendo o erro e ensinando como evitá-lo, chegando por isso mesmo a enfrentar o ódio de Herodes. Ele só pôs um paradeiro em sua luta quando, após enviar dois dos seus emissários a Jesus, certificou-se de que ali estava realmente o Messias prometido, o que significava que a sua missão estava cumprida.
Existe, no entanto, a perseverança na prática do mal, a qual tem consequências danosas e imprevisíveis.
Judas Escariotes dispôs-se a trair o Mestre, recebendo em troca trinta moedas de prata. Na última ceia teve uma autêntica advertência e uma oportunidade ímpar de voltar atrás. Mas a persistência no erro fez com que realizasse o seu intento, o que redundou em seu próprio suicídio e obviamente em longos séculos de sofrimentos espirituais.Os escribas e fariseus tiveram a demonstração mais viva de que Jesus Cristo era o tão aguardado Messias, no entanto, preferiram perseverar na cegueira e na incompreensão, não encerrando a perseguição enquanto não viram o Mestre suspenso no madeiro infamante. (4)
Devemos, pois, perseverar até o fim, mas sempre no caminho do bem, na senda da reforma interior, na luta em favor do aprimoramento espiritual da Humanidade.
Bibliografia:
1 – Vida: desafios e soluções. Franco, Divaldo. Espírito : Angelis, Joanna de. Ed: Leal editora. 2012.
2 – Auto aperfeiçoamento. Ferreira, Umberto. Ed: Paulo de Tarso. 1998.
3 - Páginas Esparsas, Maia, João Nunes; Espírito Miramez.Ed: fonte viva
4 – Os Padrões Evangélicos. Godoy, Paulo Alves; Ed:FEESP. 2000.