Segundo texto retirado da revista espírita de 1864, desta vez um comentário de JACQUES DE MOLE falando da importância da maçonaria e a influência do espiritismo. Em destaque no texto: "O Espiritismo fez progressos, mas do dia em que terá dado a mão à franco-maçonaria, todas dificuldades serão vencidas, todo obstáculo será levantado, a verdade se fará luz, e o maior progresso moral será realizado".
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Meu caro irmão em doutrina (o Espírito se dirige a um dos franco-maçons espíritas presentes à sessão), venho com alegria ao benevolente chamado que fazes aos Espíritos que amaram e fundaram as instituições franco-maçônicas. Para cimentar essa associação generosa, duas vezes derramei meu sangue; duas vezes as praças públicas desta cidade tingiram-se com o sangue do pobre Jacques Mole.
Caros irmãos, seria preciso dar-lhe uma terceira? Direi com alegria: Não. Foi-nos dito: Nada mais de sangue, nada mais de despotismo, nada mais de carrascos! Uma sociedade de irmãos, de amigos, de homens cheios de boa vontade que não desejam senão uma coisa: conhecer a verdade para fazer o bem! Não tinha ainda me comunicado nesta assembléia; enquanto faláveis em ciência espírita, filosofia espírita, cedi o lugar aos Espíritos que são mais aptos para vos dar conselhos sobre estes diversos pontos, e esperei pacientemente, sabendo que minha vez chegaria; há tempo para tudo, do mesmo modo há momentos para todos; também, creio que a hora soou e que o momento é oportuno. Posso, pois, vir vos dizer qual é minha opinião a respeito do Espiritismo e a franco-maçonaria.
As instituições maçônicas foram para a sociedade um encaminhamento para a felicidade. Numa época em que toda ideia liberal era considerada como um crime, era necessária aos homens uma força que, embora estando submetida às leis, não fosse menos emancipada: emancipada por suas crenças, por suas instituições e pela unidade de seu ensinamento. A religião, nessa época, era ainda, não mãe consoladora, mas uma força
despótica que, pela voz de seus ministros, ordenava, feria, fazia tudo curvar sob a sua vontade; ela era um objeto de temor para quem quisesse, como livre pensador, agir e dar aos homens sofredores algum encorajamento, e na infelicidade, algumas consolações morais. Unidos pelo coração, pela fortuna e pela caridade, nossos templos foram os únicos altares onde não se havia desconhecido o verdadeiro Deus, onde o homem podia ainda se dizer homem, onde a criança podia esperar encontrar mais tarde um protetor, e o
abandonado dos amigos.
Vários séculos se passaram e todos acrescentaram algumas flores a mais na coroa maçônica. Foram mártires, homens letrados, legisladores, que juntaram à sua glória em se lhe fazendo os defensores e os conservadores. No décimo nono século, o Espiritismo vem, com a sua clara bandeira, dar a mão aos comendadores, aos rosa-cruzes, e com voz trovejante lhes gritar: Vamos, meus irmãos, sou verdadeiramente a voz que se faz ouvir no Oriente e à qual o Ocidente responde, dizendo: Glória, honra, vitória aos filhos dos homens! Alguns dias ainda, e o Espiritismo terá transposto o muro que separa a maioria do recinto do templo dos segredos; e, desse dia, a sociedade verá florescer em seu seio a mais bela flor espírita que, deixando cair as suas pétalas, dará uma semente regeneradora de verdadeira liberdade. O Espiritismo fez progressos, mas do dia em que terá dado a mão à franco-maçonaria, todas dificuldades serão vencidas, todo obstáculo será levantado, a verdade se fará luz, e o maior progresso moral será realizado; terá transposto os primeiros degraus do trono onde logo deve reinar. A vós, saudação fraterna e amiga.
JACQUES DE MOLE (Médium, Srta. Béguet).
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