terça-feira, 25 de junho de 2013

Masmorras aos vícios.

As virtudes e os vícios - O livro dos espíritos.

893. Qual a mais meritória de todas as virtudes?

“Toda virtude tem seu mérito próprio, porque todas indicam progresso na senda do bem. Há virtudes sempre que há resistência voluntária ao arrastamento dos maus pendores. A sublimidade da virtude, porém, está no sacrifício do interesse pessoal, pelo bem do próximo, sem pensamento oculto. A mais meritória é a que assenta na mais desinteressada caridade.”


Quando o Espírito passa a conhecer o mundo das virtudes, ele começa a acordar para a vida espiritual, e as virtudes devem ocupar o lugar dos vícios e hábitos inconvenientes para a paz espiritual.

 Mesmo no estágio em que se encontra a humanidade, de maior interesse para as paixões inferiores, é de sentimento comum das criaturas defender e gostar da pessoa virtuosa, e com o espaço de tempo estudar, pregar e, por fim, passar à prática dessas qualidades nobres ensinadas por Jesus e descritas no evangelho da sua vida.

Virtude sem Jesus não tem conotação, e a que o amor domina se faz caridade entre os homens. O Cristo é o sol onde a humanidade aquece e vive a presença de Deus. Jesus foi, é e será sempre, a fonte, depois de Deus, para nós outros, onde deveremos buscar os exemplos das mais expressivas virtudes que com o amor se entrelaçam, na computação da verdade.

As virtudes são variadas; cada uma tem seu mérito próprio, é certo, no entanto, elas nascem da maior de todas, envolvida no sopro de Deus, que é o Amor. Ele se divide em mil ações comandadas pelas suas sensibilidades espirituais e fala da vida e da esperança em todos os seus contornos de vida.

Os vícios, que deverão ser afastados, esquecidos da vida diária, sendo que se encontram arraigados no ser, não podem ser extirpados de uma vez pelos processos da violência, entretanto, deixarão de existir, se persistirmos no trabalho das mudanças, apagando o que não deve ser, para acender a realidade pelo comando do amor.

Todas as virtudes são elevadas, quando a alma as compreende. A sua vivência, sacrificando ou fazendo desaparecer os contrários do amor, é o homem velho cedendo lugar ao novo homem, na sua transformação moral para entender melhor o chamado de Jesus. Pelo verbo da Divindade, conquistamos a nós mesmos.

A sublimidade da virtude está no sacrifício pessoal, se isso é sacrifício; para nós, sacrificar o mal é glória que a alma recebe por misericórdia, porque dessa decisão nasce no coração mais vida para Deus. Ele fica mais presente na vida de quem busca essa senda de luz, passando a viver o amor. As portas da espiritualidade superior se abrem e o candidato começa a vencer a si mesmo, vencendo o mundo e ganhando a paz espiritual.


Ouvir a respeito de Jesus nos dá esperança e abre perspectivas novas para o nosso futuro, porque por intermédio dele as nossas doenças e todos os tipos de desequilíbrios cessam. Ele nunca deixa de nos acompanhar, nos ajudando a carregar a nossa cruz, de problemas inúmeros.


Vemos em Lucas no capítulo cinco, versículo quinze, nos dizendo:
Porém, o que se dizia a seu respeito cada vez mais se divulgava, e grandes     multidões afluíam para ouvi-lo e serem curadas de suas enfermidades.

E o Mestre não só curava as chagas do corpo, como, igualmente, as do Espírito. A virtude mais elevada para quem a pratica, é aquela que se assenta na mais pura caridade, contudo, todas elas pendem para a benevolência. Porém, algumas pessoas se interessam mais por uma do que por outra. No final, na pureza de sentimentos, todas elas se transformaram em amor e o sol de Deus brilha em todas.

Compreende teu dever, em busca desses dons, que a vida em todos os seus aspectos tornar-se-á flores de claridades eternas em todas as tuas existências. Jesus passará a andar contigo visivelmente em todos os teus caminhos, ajudando-te a ser melhor e a descobrir Deus na consciência.
e
Bibliografia:

Extraído do livro: filosofia espírita XVIII, João Nunes Maia, Espírito Miramez.


segunda-feira, 24 de junho de 2013

Estória com termos maçônicos, pelo autor Fagundes Varela.

Fagundes Varela (poeta predileto de Castro Alves) por longos anos foi colaborador do “Correio paulistano”. Nele fez publicar, dois trabalhos eminentemente espíritas, apesar de não classificar o poeta de  ser espírita. Trata-se de “As ruínas do Glória” e “ A Guarida de Pedra”, sendo este último posto de lado por não se tratar de um fato espírita vivido. Os dois trabalhos são curiosas contribuições do grande poeta à já extensa bibliografia espírita nacional, que, assim,  mais uma vez se enriquece.   
Fagundes Varela

A geração literária de Fagundes Varela teve grande influência poética e mórbida de Byron.
Ao tempo em que Fagundes Varela cursava a faculdade de Direito de São Paulo alguns de seus colegas resolveram, certa noite, fazer o que eles, risonhos, chamam de “byronada”. “A brincadeira”, conta Pires de almeida, então um dos amigos de Varela, constava de um passeio noturno pelo cemitério da consolação. Passando à palavra ao próprio Pires de Almeida. Chamando a atenção, os termos maçônicos inseridos neste conto. 
Eis a estória :


-...Assolava então a cidade pavorosa epidemia de modo que, mesmo a desoras se realizavam enterros. Entre remoques, gargalhadas, pilhérias e versos de Byron, declamados na tradução de Vieira Bueno, seguia o grupo, ora trepado sobre uma sepultura, ora sopesando um crânio, ora tamborilando, irreverente, sobre as caixas de vidro das carneiras.

- E se proclamássemos a Rainha dos Mortos? – lembrou um deles. Conseguem, escavando uma sepultura, e despejando dela uma velha, enterrada de véspera. Resolvem descer, então cautelosamente pelas ruas desertas, rumo da casa de Eufrásia, uma pobre mundana que tinha fama de estúpida, e que seria a Rainha.

Ao passar em frente à Loja América, delibera o grupo arrombá-la, para se ornar com os paramentos maçônicos. A poucos passos dali, encontram os dois conhecidos tipos de rua, o Mota, que havia sido estudante de Heidelberg, e vivia em constante embriaguez, e o Padre Bacalhau, já suspenso de ordens, e vagando pelas vielas, maltrapilho e sujo.


Ao grupo se incorporaram dois boêmios. Chegam à casa de Eufrásia, que, pouco antes, assomara a porta, a despedir-se do último amante. Batem. Entreabre-se um postigo, e aparece a meretriz, suspendendo o candeeiro por sobre a cabeça, a tentar debalde reconhecer alguém do grupo. Impossível. Os paramentos maçônicos, os chapéus desabados, as vozes imperiosas, enchem-na gradualmente de supersticioso terror. Um estudante, vestido de Irmão terrível, e com insígnias do Venerável da Loja, salta sobre ela, agarra-a nos braços, e enquanto desmaia de susto, envolve-a num lençol, e coloca-a dentro do caixão mortuário, que haviam trazido do cemitério. E com os vistosos trajos da maçonaria, se põe a procissão em marcha, ao som do cantochão cantado roucamente pelo Padre Bacalhau, enquanto ao seu lado, Mota declama em alemão, a Canção dos Estudantes, de Goethe . 

E assim seguem de novo, vesanicamente byronizados, rumo da necrópole. Penetrando nela, Falicro divisa um túmulo recente, com esta simples inscrição: - Judith 20 anos. Era o túmulo de formosa israelita, morta recentemente, e à qual o estudante dedicara desafortunado amor. Filha de um hoteleiro judeu, estabelecido no Largo do Colégio, exigira o pai que ele fosse obter autorização expressa da família para o enlace e, na sua ausência, casou-a, à força, com um caixeiro, também judeu. Ao voltar Falicro, no mesmo dia em que chegava de São Paulo, enterrava-se Judith. 

É fácil compreender-se o desespero do acadêmico, que como um doido, escava a terra, e parte a tampa do caixão. Judith aparece-lhe nua, à frouxa luz do luar. (Os israelitas enterram nus os cadáveres, para que saiam deste mundo, nus como nele entraram). Toma-a nos braços e lhe aproxima os lábios ardentes na boca fria. Mas não pôde suportar o mau cheiro, que, do cadáver putrefato, se desprende. Recua, num grito pungente, e esconde a cabeça entre as mãos, soluçando, com os olhos muito abertos e muito enxutos, como se tivesse ensandecido!

Uma onda de tristeza se apoderou de todos os corações. Mas afinal, um da turma exclama, quebrando o silêncio:
-Eia, rapazes! É tempo de celebrarmos as bodas da Rainha dos Mortos !
Foi escolhido Satã (davam-se nomes simbólicos, uns aos outros), para amante. Num pulo, este saltou sobre o caixão, cuja tampa caiu para um lado, e apertou Eufrásia, ardentemente, nos braços. De repente, porém, se levantou lívido, com os cabelos desgrenhados, maxilar inferior a tremer, como se quisesse articular uma palavra, mas lhe faltassem forças. Todos atônitos o contemplavam.
-Morta! Está morta! – conseguiu, afinal, balbuciar, e abalou daquele cenário, como alucinado.
Com efeito, a infeliz mulher tinha morrido de terror! Houve um momento de hesitação. Depois fugiram como bandidos  receosos da ação da justiça. Daí a dias, procurava-os a polícia, desejosa de punir os profanadores de túmulos...”
                                                                 
                                     *                     *                      *

Texto extraído e editado para o blog, do livro Escritores e Fantasmas de autoria de Jorge Rizzini. Editora espírita correio Fraterno do ABC, São Paulo. Segunda edição, 1992.

sábado, 22 de junho de 2013

Um pouco do passado da Franco-Maçonaria.

Breve relato sobre o passado da maçonaria


Inicialmente as Lojas somente aceitavam maçons operativos, ou seja, pedreiros livres. Para adentrar a confraria - proibida para as mulheres - os maçons assumiam alguns compromissos relativos a lealdade, honestidade, incorruptibilidade, respeito à hierarquia, conhecimento da geometria, invocação de Deus para a execução de suas construções; etc.

Na segunda metade do século XVII foram aceitos os chamados maçons não operativos. pelo que foi apurado começa aqui  a mudança de rumos para aquela instituição, que passa a instituir ritos em suas reuniões e, por meio de maçons estudiosos das questões espirituais, mergulha num período esotérico.

Em 1717, as Lojas existentes na Inglaterra se fundiram formando a Grande Loja de Londres. Em 1723 surgiu o Livro da constituição dos Franco-maçons, neste livro, começaram a tomar forma os ideais de fraternidade universal e passou a ser reconhecido o valor de cada um, qualquer que fosse sua condição social. Tais ideias levaram o ex-escravo Ângelo Soliman  (ver imagem), que recebera uma esmerada educação, a se tornar o grão-mestre da loja vienense Harmonia Verdadeira, que abrigava a elite de Viena; interessante registrar que se deve a Ângelo a inclusão para a leitura de textos acadêmicos e científicos nas reuniões da Maçonaria.

No final da primeira metade do século XVII, a Maçonaria já tinha se espalhado por toda a Europa. Na França a instituição passou por nova transformação, incluindo novos ritos e passando a receber a inspiração de Iluministas. Ao final do período sua ritualística estava repleta de simbologias.

Tais alterações suscitaram suspeitas nas autoridades da Igreja de que se tratasse de uma religião rival - na verdade desde o Livro da constituição dos Franco-maçons a norma interna maçônica admitia adepto de qualquer religião, havia a necessidade, contudo, que participasse de alguma.

O papa Clemente XII entendeu que a ameaça era real e ordenou, em 1738, a excomunhão de todo católico que se tornasse maçom, determinação que somente começou a ser extinta na segunda metade do século XX. Obviamente que a história da maçonaria não se resume a este relato, mas é um esclarecimento da contribuição da maçonaria nos momentos cruciais da história humana, como o apoio dos maçons na Revolução americana e Revolução francesa. 

Texto extraído do livro.: A mediunidade na história humana:  Mediunidade na idade moderna e contemporânea (Volume 2).  1° edição, 2005. Autor: Licurgo S.de Lacerda Filho. Editora: Minas Editora.

O Espiritismo e a franco-maçonaria. parte 3

Terceiro texto da Revista Espírita, ditado por outro maçom, já pertencente à Maçonaria Celeste. Destaque para o texto marcado em negrito, um desvio da rotina maçônica onde alguns poucos obreiros que, estacionaram na própria evolução, ainda insistem em permanecer nas sombras.  

...

Fiquei muito encantado em misturar-me às discussões deste centro tão profundamente espiritualista, e retorno atraído por Guttemberg, como fora outro dia por Jacquart. A maior parte da dissertação do grande tipógrafo tratou a questão de um ponto de vista de ofício, e não viu principalmente nessa bela invenção senão o lado prático, material, utilitário. Ampliemos o debate, e tomemos a questão de mais alto. 

Seria um erro crer que a imprensa veio substituir a arquitetura, porque esta permanecerá para continuar o seu papel historiográfico, por meio de monumentos característicos, tocados com a marca do espírito de cada século, de cada geração, de cada revolução humanitária. Não; digamo-lo claramente, a imprensa não veio nada derrubar; veio para completar, e por sua obra especial, grande e emancipadora; ela chegou em sua hora, como todas as descobertas que eclodem providencialmente neste mundo. Contemporâneo do monge que inventou a pólvora, e que, por aí, transtornou a velha arte das batalhas, Guttemberg trouxe uma nova alavanca para a expansão das idéias. 

Não o esqueçamos: a imprensa não podia ter a sua legítima razão de ser senão para a emancipação das massas e o desenvolvimento intelectual dos indivíduos. Sem essa necessidade a satisfazer, sem esse alimento, esse maná espiritual a distribuir, a imprensa teria se debatido por muito tempo ainda no vazio, e não teria sido considerada senão como o sonho de um louco, ou como uma utopia sem importância. Não foi assim que foram tratados os primeiros inventores, dizemos melhor, aqueles que, os primeiros, descobriram e constataram as propriedades do vapor? Fazei nascer Guttemberg nas ilhas Andaman, e a imprensa aborta fatalmente. 

Portanto, a ideia: eis a alavanca primordial que é preciso considerar. Sem a ideia, sem o trabalho fecundo dos pensadores, dos filósofos, dos ideólogos, e mesmo dos monges sonhadores da Idade Média, a imprensa teria permanecido letra morta. Guttemberg pode, pois, queimar mais de uma vela em honra dos dialéticos da escola que fizeram germinar a ideia, e desbastar as inteligências. A ideia fervorosa, que reveste uma forma plástica no cérebro humano, é e será sempre o maior motor das descobertas e das invenções. Criar uma necessidade nova no meio das sociedades modernas é abrir um novo caminho à ideia perpetuamente inovadora; é impelir o homem inteligente à procura do que satisfará essa nova necessidade da Humanidade; é porque, por toda a parte onde a ideia for soberana, por toda parte onde ela for acolhida com respeito, por toda a parte, enfim, onde os pensadores forem honrados, se estará seguro de progredir para Deus. 

A franco-maçonaria, contra a qual tanto se gritou, contra a qual a Igreja romana não teve bastante anátemas, e que por isso não sobreviveu menos, a franco-maçonaria abriu seus templos a dois batentes ao culto emancipador da idéia. Em seu seio, todas as questões mais graves foram tratadas, e, antes que o Espiritismo fizesse a sua aparição, os veneráveis e os grandes mestres sabiam e professavam que a alma é imortal, e que os mundos visíveis e invisíveis se comunicam entre si. É lá, nesses santuários onde os profanos eram admitidos, que os Swedenborg, os Pascal, os Saint-Martin, obtiveram fulminantes resultados; foi lá onde a grande Sofia, essa inspiradora etérea, veio ensinar a esses primogênitos da Humanidade os dogmas emancipadores onde hauriu seus princípios fecundos e generosos; foi lá onde., bem antes de vossos médiuns contemporâneos, dos precursores de vossa mediunidade, grandes desconhecidos, tinham evocado e feito aparecer os sábios da antiguidade e os primeiros séculos da era; foi lá... Mas detenho-me; o quadro restrito de vossas sessões, o tempo que se escoa, não me permitem estender-me, como o queria, sobre este interessante assunto. A ele voltaremos mais tarde. Tudo o que direi é que o Espiritismo encontrará, no seio das lojas maçônicas, uma falange numerosa e compacta de crentes, não de crentes efêmeros, mas sérios, resolutos e inquebrantáveis em sua fé.

O Espiritismo realiza todas as aspirações generosas e caridosas da francomaçonaria; ele sanciona as crenças que ela professa, dando provas irrecusáveis da imortalidade da alma; conduz a Humanidade ao objetivo que ela se propôs: a união, a paz, a fraternidade universal, pela fé em Deus e no futuro. É que os Espíritas sinceros de todas as nações, de todos os cultos e de todas as classes, não se olham como irmãos? Não há entre eles uma verdadeira franco-maçonaria, com essa diferença de que em lugar de ser secreto, ela se pratica à luz do dia? Homens esclarecidos como aqueles que ela possui, que as suas luzes colocam acima dos preconceitos de grupos e da castas, não podem ver com indiferença o movimento que essa nova doutrina, essencialmente emancipadora, produz no mundo. Repelir um elemento tão poderoso de progresso moral seria abjurar seus princípios e se colocar ao nível dos homens retrógrados. Não, disso estou seguro, 
não se deixarão transbordar, porque vejo nisso que, sob a nossa influência, vão tomar em mão essa grave questão. 

O Espiritismo é uma corrente de idéias irresistível, que deve ganhar todo o mundo: isso não é senão uma questão de tempo; ora, seria desconhecer o caráter da instituição maçônica, crer que ela consentirá em se aniquilar, e a desempenhar um papel negativo no meio do movimento que eleva a Humanidade para a frente; sobretudo, crer que ela lançará o apagador sobre a chama, como se tivesse medo da luz. É bem entendido que não falo aqui senão da alta franco-maçonaria, e não dessas lojas feitas pela ilusão, onde se reúnem antes para comer e beber, ou para rir das perplexidades que inocentes provas causam aos neófitos, senão para discutir as questões de moral e de filosofia. 

Seria bem preciso, para que a franco-maçonaria pudesse continuar a sua missão sem entraves, que tivesse de distância em distância, de raio em raio, de meridiano em meridiano, templos fora do templo, lugares profanos fora dos lugares sagrados, falsos tabernáculos fora do arco. É nesses centros que os adeptos do Espiritismo têm inutilmente tentado se fazerem ouvir. Imperativa, a franco-maçonaria ensinou o dogma precursor do vosso, e professou em segredo o que proclamais bem alto. Eu retornarei, disse, sobre estas questões, se, no entanto, os grandes Espíritos que presidem os vossos trabalhos o permitirem. À espera, eu vo-lo afirmo, a Doutrina Espírita pode perfeitamente se unir às das grandes lojas do Oriente Médio, Agora, glória ao grande Arquiteto! 

Um antigo franco-maçom, 
VAUCANSON (médium, Sr. d’Ambel)

O Espiritismo e a franco-maçonaria. parte 2

* fonte: Wikipedia

Segundo texto retirado da revista espírita de 1864, desta vez um comentário de JACQUES DE MOLE falando da importância da maçonaria e a influência do espiritismo. Em destaque no texto: "O Espiritismo fez progressos, mas do dia em que terá dado a mão à franco-maçonaria, todas dificuldades serão vencidas, todo obstáculo será levantado, a verdade se fará luz, e o maior progresso moral será realizado".

...

Meu caro irmão em doutrina (o Espírito se dirige a um dos franco-maçons espíritas presentes à sessão), venho com alegria ao benevolente chamado que fazes aos Espíritos que amaram e fundaram as instituições franco-maçônicas. Para cimentar essa associação generosa, duas vezes derramei meu sangue; duas vezes as praças públicas desta cidade tingiram-se com o sangue do pobre Jacques Mole.

Caros irmãos, seria preciso dar-lhe uma terceira? Direi com alegria: Não. Foi-nos dito: Nada mais de sangue, nada mais de despotismo, nada mais de carrascos! Uma sociedade de irmãos, de amigos, de homens cheios de boa vontade que não desejam senão uma coisa: conhecer a verdade para fazer o bem! Não tinha ainda me comunicado nesta assembléia; enquanto faláveis em ciência espírita, filosofia espírita, cedi o lugar aos Espíritos que são mais aptos para vos dar conselhos sobre estes diversos pontos, e esperei pacientemente, sabendo que minha vez chegaria; há tempo para tudo, do mesmo modo há momentos para todos; também, creio que a hora soou e que o momento é oportuno. Posso, pois, vir vos dizer qual é minha opinião a respeito do Espiritismo e a franco-maçonaria. 

As instituições maçônicas foram para a sociedade um encaminhamento para a felicidade. Numa época em que toda ideia liberal era considerada como um crime, era necessária aos homens uma força que, embora estando submetida às leis, não fosse menos emancipada: emancipada por suas crenças, por suas instituições e pela unidade de seu ensinamento. A religião, nessa época, era ainda, não mãe consoladora, mas uma força 
despótica que, pela voz de seus ministros, ordenava, feria, fazia tudo curvar sob a sua vontade; ela era um objeto de temor para quem quisesse, como livre pensador, agir e dar aos homens sofredores algum encorajamento, e na infelicidade, algumas consolações morais. Unidos pelo coração, pela fortuna e pela caridade, nossos templos foram os únicos altares onde não se havia desconhecido o verdadeiro Deus, onde o homem podia ainda se dizer homem, onde a criança podia esperar encontrar mais tarde um protetor, e o 
abandonado dos amigos. 

Vários séculos se passaram e todos acrescentaram algumas flores a mais na coroa maçônica. Foram mártires, homens letrados, legisladores, que juntaram à sua glória em se lhe fazendo os defensores e os conservadores. No décimo nono século, o Espiritismo vem, com a sua clara bandeira, dar a mão aos comendadores, aos rosa-cruzes, e com voz trovejante lhes gritar: Vamos, meus irmãos, sou verdadeiramente a voz que se faz ouvir no Oriente e à qual o Ocidente responde, dizendo: Glória, honra, vitória aos filhos dos homens! Alguns dias ainda, e o Espiritismo terá transposto o muro que separa a maioria do recinto do templo dos segredos; e, desse dia, a sociedade verá florescer em seu seio a mais bela flor espírita que, deixando cair as suas pétalas, dará uma semente regeneradora de verdadeira liberdade. O Espiritismo fez progressos, mas do dia em que terá dado a mão à franco-maçonaria, todas dificuldades serão vencidas, todo obstáculo será levantado, a verdade se fará luz, e o maior progresso moral será realizado; terá transposto os primeiros degraus do trono onde logo deve reinar. A vós, saudação fraterna e amiga. 

JACQUES DE MOLE (Médium, Srta. Béguet). 




O Espiritismo e a franco-maçonaria



Um dos textos da Revista espírita de 1864, onde o espírito Guttemberg comenta sobre a Arte Real.


                             O Espiritismo e a franco-maçonaria.

(Sociedade Espírita de Paris, 25 de fevereiro de 1864.)
Nota. - Nesta sessão, agradecimentos foram dirigidos ao Espírito de Guttemberg,
com pedido de consentir em tomar parte em nossas conversas, quando o julgasse oportuno.
Na mesma sessão, a presença de vários dignatários estrangeiros da Ordem Maçônica, motivou a pergunta seguinte: Que concurso o Espiritismo pode encontrar na Franco-Maçonaria? Várias dissertações foram obtidas sobre este assunto.

I.
Senhor Presidente, agradeço-vos pelo vosso amável convite; foi a primeira vez que uma de minhas comunicações foi lida na Sociedade Espírita de Paris, e esta não será, eu o espero, a última. Talvez encontrastes em minhas reflexões um pouco longas sobre a imprensa alguns pensamentos que não aprovais completamente; mas, refletindo na dificuldade que sentimos para nos colocarmos em relação com os médiuns e empregar as suas faculdades, consenti em passar ligeiramente sobre certas expressões ou certos torneios de linguagem que não estamos sempre no estado de dominar. Mais tarde, a eletricidade fará sua revolução medianímica, e como tudo será mudado na maneira de reproduzir o pensamento do Espírito, não encontrareis mais dessas lacunas, algumas vezes lamentáveis, sobretudo quando as comunicações são lidas diante dos estrangeiros. 

Falastes da franco-maçonaria, e tendes razão de esperar encontrar nela bons elementos. Que se pede a todo maçom iniciado? De crerem na imortalidade da alma, no divino Arquiteto, de serem benfazejos, devotados, sociáveis, dignos e humildes. Ali se pratica a igualdade na mais ampla escala; há, pois, nessas sociedades uma afinidade com o Espiritismo de tal modo evidente que fere os olhos. A questão do Espiritismo foi levada à ordem do dia em várias lojas, e eis qual foi o resultado disso: leram-se volumosos relatórios desordenados sobre esse assunto, mas não se o estudou a fundo, o que fez que ali, como em muitos outros lugares discutiu-se sobre uma coisa que não se conhece, julgando-o sobre o ouvir dizer muito mais do que sobre a realidade. 

No entanto, muitos maçons são Espíritas, e trabalham grandemente para propagar esta crença; todos os ouvidos escutam, e se o hábito diz: Não; a razão diz: Sim. Esperai, pois; porque o tempo é um recrutador sem igual; por ele as impressões se modificam, e, necessariamente, no vasto campo dos estudos abertos nas lojas, o estudo espírita entrará como complemento; porque isso já está no ar; riu-se, falou-se: não se ri mais, medita-se. Então, pois, tereis um viveiro espírita nessas sociedades essencialmente liberais; por elas, entrareis plenamente nesse segundo período que deve preparar os caminhos prometidos.

Os homens inteligentes da maçonaria vos bendirão por sua vez; porque a moral dos Espíritos dará um corpo a essa seita tão comprometida, tão temida, mas que fez mais bem do que não se crê. Tudo tem uma laboriosa criação, uma afinidade misteriosa; e se isso existe por aquilo que perturba as camadas sociais, isso é muito mais verdadeiro por aquilo que conduz ao adiantamento moral dos povos. 
GUTTEMBERG (Médium, Sr. Leymarie.)

O primeiro de muitos passos.


Este blog sem dúvida foi criado por boas inspirações que recebi do plano mais Alto. É grande o número de espíritas pertencentes à sublime ordem que é a Franco-Maçonaria e baseando-se neste fato, utilizarei os meios ao meu alcance para ajudar outros irmãos espíritas ou de outra religião/filosofia a ascender a escada de Jacó. 

Tentarei conciliar a filosofia espírita e maçônica (o que não será difícil) com publicações de qualidade em que todos, independente de credo, levarão como ferramenta para desbastar, com sinceridade, a pedra bruta do próprio espírito. Lembrando sempre que todos nós, ante a sublimidade do Cristo, somos almas em libertação gradativa, buscando a vitória sobre nós mesmos. Obrigado pela visita. 

E que o G.A.D.U nos ilumine sempre.


Getúlio M. A. Neto .´.