Entre as leis de caráter humanitário, Moisés institui diretrizes sobre a ceifa e a vindima, visando amparar o estrangeiro, a viúva e o órfão.
Sob o amparo desse código, pobre viúva moabita
buscou a seara de Boaz, pedindo permissão para ali respigar. Mais tarde, o dono
da seara fala-lhe, conselheiro: "Se te aprouver, não te afastes daqui, mas
junta-te às minhas servas e segue-as no campo onde ceifarem. Se tiveres sede,
vai à bilha e, à hora de comer, vem e come a tua parte de pão". A seguir,
recomenda a seus servos que deixem cair de seus feixes, como por descuido, algumas
espigas, para que ela as apanhe.
O carinho de Boaz com a viúva moabita que fora
respigar em sua seara e a preocupação de Jesus com a grande família que acolheu
em sua casa planetária traduzem figura que estabelece identidade entre Boaz e
Jesus. Boaz, além de demonstrar preocupação com a indigente que respiga em seu
campo, excede o limite dos códigos estabelecidos por Moisés, oferecendo à viúva
o pão e a bilha de água destinados somente aos ceifeiros.
Na Parábola dos Trabalhadores da Última Hora, como
pai de família, Jesus determina que todos os obreiros de sua seara recebam o
mesmo denário, antes combinado com os que começaram cedo, trabalhando o dia
todo.
Por inúmeras vezes, no curso dos milênios nas
várias horas do dia - Espíritos de escol vestiram suas túnicas de carne,
retornando à lavoura da Terra, para reiterar o convite do Cristo, aconselhando
que os homens não se afastem da seara do bem, mas acompanhem seus servos, no
campo onde semeiam, com o que encontram igualmente o jornal da felicidade e da
paz.
Convém lembrar que, apesar da preocupação de Jesus
com a presença das criaturas em sua vinha, somente assalaria os que já se
desvincularam dos outros campos, onde tantos ainda preferem se demorar.
Considere-se também que, por maior seja o seu desvelo, nunca invade os campos
das consciências, a pretexto de levar o convite, nem mesmo para impor as
diretrizes de seu Evangelho.
Somente após inúmeras colheitas
de desenganos, nos campos dos compromissos e respectivas reparações, é que as
criaturas se afastam das lavouras de espinho, para se
colocarem à disposição de Jesus entre os candidatos às lides de sua seara. Ainda assim, muitos convidados recusam o
convite, enquanto outros se preocupam com a escolha dos primeiros assentos.
Nessa pauta, recorde-se os que apenas querem ser
servidos, ignorando que o Dono da vinha ainda serve; os que pegam no arado com
os olhos nas propostas vulgares da retaguarda; os que estão preocupados nos
consórcios dos interesses terrenos; e, ainda, os que não esperam ser
convidados, por confundirem a seara de Jesus com a da Terra, onde o reinado é
tomado à força, porque são os violentos que se apoderam dele.
Eis por que afirma Jesus: "A seara é imensa,
sendo raros, porém, os trabalhadores de boa vontade". (Mateus, 9:37.).
A seara do Evangelho, de conteúdo extenso, ainda
reclama a presença dos trabalhadores de boa vontade - os que dão vida na defesa
da lavoura que dão a vida considerando os voluntários lavradores que,
preocupados exclusivamente com o soldo, a exemplo de Anás e Caifás, ainda
atentam contra a vida do proprietário da vinha (Mateus, 21:38 e 39).
Bibliografia :
MOUTINHO, João J. Código do Reino. Rio de Janeiro: FEB, 2010.
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